António Dias, médico veterinário, utilizou pela primeira vez a homeopatia em animais como último recurso no tratamento de um touro. Hoje aplica a terapêutica a canários, cobras, papagaios e galinhas.
A ligação à homeopatia deste médico veterinário português radicado no Brasil começou há quase duas décadas, com um problema de saúde que não se resolvia e o incentivo da mulher para que procurasse uma alternativa.
"Isso vai fazer mais o quê?", questionou-se na altura, para acabar perplexo: "dentro dos meus princípios científicos, a homeopatia não deveria ter feito o efeito que fez, com a rapidez com que fez".
Terapia que tem em conta as características físicas e emocionais do paciente, a homeopatia baseia-se no princípio de que "o semelhante cura o semelhante", ou seja, os sintomas das doenças devem ser combatidos com reduzidas doses de medicamentos que produzam sintomas semelhantes em pessoas sãs.
A tentativa de perceber como tinha actuado uma terapêutica que considerava "meio empírica", levou António Dias a procurar formação, mas foi um acaso que o levou a experimentar aplicá-la aos animais.
Funcionário de uma empresa estatal de desenvolvimento agrícola no Estado brasileiro da Bahia, o médico veterinário foi um dia confrontado com um touro doente, que não reagia a nenhum dos tratamentos prescritos.
Quando finalmente os médicos veterinários que tratavam o animal pediram autorização para utilizar um tratamento de custo muito elevado, mas sem garantias de resultados, António Dias propôs o uso da homeopatia, consideravelmente mais barato.
"Foi uma bomba dentro da organização! No dia seguinte o touro já comia e três dias depois deram alta" ao animal, relatou à Agência Lusa.
Os resultados ajudaram a homeopatia a ganhar adeptos dentro da empresa, que conta actualmente com mais dois médicos veterinários homeopatas, e decidiu avançar com a criação de uma estação experimental de produção orgânica, sem químicos.
Na região, os agricultores estão também a ser incentivados a utilizarem a homeopatia como terapêutica preferencial para os seus animais.
António Dias explicou que os medicamentos homeopáticos (de origem vegetal, animal e mineral) dados aos animais são os mesmos que os humanos tomam, com dosagens diferentes e que, no Brasil, são muito mais baratos do que os fármacos químicos tradicionais.
"O que tenho percebido é que a homeopatia é mais forte do que qualquer outra medicação. É mais eficaz porque resolve definitivamente os problemas", explicitou António Dias, que até hoje já tratou galinhas, papagaios, canários, cobras, animais domésticos e mesmo selvagens que foram capturados.
"Só não tratei ainda peixes", gracejou o médico veterinário, que defende de forma intransigente a formação em medicina dos homeopatas.
"Para prescrever bem homeopatia, tem de se conhecer bem a fisiopatologia", sublinhou.
No Brasil, ao contrário do acontece em Portugal, a homeopatia só pode ser exercida, com possibilidade de prescrever medicamentos, por pessoas com formação completa em Medicina, Medicina Veterinária ou Farmácia.
Apesar disso, António Dias reconhece que a terapêutica é frequentemente encarada com cepticismo, o que atribui à falta de comprovação científica da forma como actua.
Para o médico veterinário, "a homeopatia só será entendida e explicada, e só poderá, em muitos lugares, ser admitida como ciência quando os estudos da física quântica conseguirem mensurar e detectar a energia que existe no medicamento homeopático e que é transferida para o animal ou para o ser humano".
"Existem muitos cépticos em relação à homeopatia, mas têm tido uma cabeça um pouco mais aberta e aceitado que se há resultados significativamente observáveis e estatisticamente mensuráveis, isso é ciência também", concluiu.