Alterações climáticas ameaçam Algarve até ao final do século

por Antena 1

Foto: Reuters

A falta de água disponível, o aumento das temperaturas, a subida do nível do mar, o aumento das cheias e a perda de biodiversidade são alguns dos fenómenos que o Algarve vai enfrentar até ao final deste século.

Este foi o horizonte temporal estudado por uma equipa de investigadores no âmbito da adptação às alterações climáticas.

O estudo resultou num plano encomendado pela AMAL - Comunidade Intermunicipal do Algarve - e que hoje é apresentado em Faro.

Algarve com mais mortalidade devido a ondas de calor até final do século 

O Algarve pode ter, até ao final do século, mais eventos meteorológicos extremos e uma maior mortalidade devido a ondas de calor, assim como problemas causados por cheias e pelo avanço do mar, segundo o estudo agora divulgado.

A subida do nível do mar, o aumento da temperatura e a diminuição dos recursos hídricos são os fatores que se prevê que tornem a região do Algarve mais vulnerável até ao final do século, aponta o cenário traçado no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas (PIAAC).

Segundo o coordenador científico do plano, Luís Dias, um modelo estatístico desenvolvido no plano estima que "a mortalidade no Algarve associada a eventos particularmente quentes pode subir de 2% para 7%", sobretudo no sotavento (leste) algarvio, sendo Alcoutim "a situação mais preocupante".

Subida do nível do mar atingirá Faro e Quarteira

Segundo o mesmo estudo, no que respeita à subida do nível do mar, as zonas mais afetadas poderão ser Faro e Quarteira - mais vulneráveis por terem ocupação urbana -, mas também Lagos e Tavira, neste último caso devido ao aumento da probabilidade da ocorrência de cheias e inundações, acrescentou o especialista.

De acordo com Luís Dias, apesar de atualmente ainda ser possível travar o avanço do mar com a alimentação artificial de praias e a criação de dunas, essas soluções poderão não ser suficientes daqui a 40 ou 50 anos, tendo que ser equacionadas outras medidas, como a construção de paredões ou, mesmo, a deslocalização de parte da população.


A diminuição de recursos hídricos é outra ameaça que paira sobre a região

O Algarve já enfrenta atualmente períodos de seca e a situação deverá agravar-se no cenário da agricultura, mas  que pode ser mitigado pela implementação da dessalinização de água do mar.

"Mantendo-se a agricultura no estado em que está e o consumo no estado em que está, e partindo do princípio que não haverá alteração, no pior cenário, por volta de 2080 teremos que construir uma central de dessalinização", refere.

O PIAAC envolveu responsáveis universitários, autarcas e técnicos de instituições públicas na elaboração de propostas de medidas de adaptação que, a longo prazo, contribuam para minimizar os impactos das alterações climáticas em vários setores.

O coordenador não científico do plano, Filipe Duarte Santos, é membro do centro de investigação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo sido um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

Esta iniciativa envolveu um investimento superior a 470 mil euros, verba financiada em 85% pelo Fundo de Coesão, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, e em 15% pelos municípios algarvios.

Reportagem da Antena 1 com Mário Antunes

c/Lusa


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