Alfonso Vegara. "É muito importante definir o perfil diferenciador de cada bairro"

por Gonçalo Costa Martins - Antena 1

Alfonso Vegara

Para enriquecer as cidades e as áreas metropolitanas, Alfonso Vegara defende a importância de começar por baixo, pela escala urbana mais pequena. O arquiteto e urbanista espanhol sublinha duas ideias centrais para ter cidades mais humanas: ter bairros com personalidade e bem ligados entre eles.

“Se um bairro é especializado em questões de lazer, outro é especializado em questões universitárias. Outro pode ser em questões ambientais, outros bairros artísticos e outros podem ser mais ligados à questão das novas tecnologias. O importante é que cada bairro tenha a sua própria personalidade”, exemplifica Alfonso Vegara, numa entrevista à Antena 1 por videochamada.

O fundador e presidente da Fundação Metropoli, uma empresa espanhola com vários projetos internacionais ligados à inteligência e sustentabilidade do território, participou esta semana numa conferência da Câmara Municipal de Lisboa, com o tema “Há Vida no Meu Bairro”.

Deixou elogios a Lisboa, onde vê esforços para tentar “fazer uma cidade mais policêntrica, em que cada bairro tenha a sua própria personalidade, vida e um sentimento de pertença ao bairro”.

Alfonso Vegara acrescenta que a mobilidade é fundamental, para que os cidadãos tenham acesso a vários serviços e oportunidades, seja empregos, educação ou saúde. Ainda assim, pede um equilíbrio: “a cidade precisa de estar bem ligada com transportes públicos, e ao mesmo tempo, não podemos usar todo o espaço da cidade para os transportes, porque surgem cidades sem alma”.

No processo de mudança e reconversão urbana, Alfonso aponta a estratégia que ganhou força em Espanha, há mais de 10 anos na cidade de Bilbao. Ele fala dos “corações de bairro”.

E o que significa isso ao certo? Trabalhar em alguns bairros a partir de “um lugar específico”, como uma praça, diz, “iniciar a reconversão nesse lugar” e fazer chegar a outras partes a transformação, promovendo uma “cidade policêntrica e bem conectada”.

Para planear estas estratégias, o urbanista acredita que o poder público tem um papel importante.
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