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Alegados seguranças agridem no Algarve

por Rosário Lira - RTP
Reuters

Há tensão entre grupos de segurança privada em Vilamoura mas as autoridades estão atentas. A discoteca onde a filha de António Costa trabalhava está entre o fogo cruzado da noite.

Verão é sinónimo de diversão para muitos jovens e o Algarve terreno fértil para dar asas à descontração noturna. Mas a noite mostra e esconde tudo o que há de bom e mau, associado a ambientes de diversão. Albufeira e Vilamoura são os destinos mais procurados e, em particular as discotecas da moda como a Bliss, o Seven ou, mais recentemente, a Salt Beach.

A RTP sabe que a GNR tem sido chamada diariamente a intervir nos espaços noturnos, muitas vezes respondendo a queixas de agressões por alegados seguranças privados.

No entanto, a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna garante que para já não há notícia de um aumento dos casos de agressões levadas a efeito por alegados seguranças no Algarve.

Isabel Oneto recorda que no âmbito da operação "Verão Seguro" houve um reforço dos meios no local em todas as vertentes da segurança, até porque, adianta, "as questões em geral estão identificadas". 


No caso do Bliss, a discoteca onde até há bem pouco tempo a filha do primeiro-ministro trabalhava como relações públicas, foi possível apurar, através de várias fontes, que tem existido queixas de agressões a jovens levadas a efeito por elementos que não se encontram identificados como vigilantes mas que atuam enquanto tal, ao serviço da discoteca. 

São eles, juntamente com a empresa de segurança contratada, que controlam a discoteca a partir de determinados pontos estratégicos. Estes alegados vigilantes, nalguns casos, já estão referenciados por ilícitos e agem ilegalmente, sem controlo, na maior parte dos casos sem razão, noutros utilizando uma força que não é adequada nem proporcional à circunstância.

A lei determina que "o pessoal de vigilância considera-se identificado sempre que devidamente uniformizado e com o cartão profissional aposto visivelmente". O que se constata é que a maior parte dos elementos de segurança que circulam na discoteca até estão uniformizados mas não ostentam o cartão que os habilita a exercer a profissão.    
Um sentimento de impunidade
A detenção destes indivíduos é quase impossível. Segundo fontes contatadas pela RTP, quando as forças de segurança são chamadas ao local, os elementos referenciados colocam-se em fuga, por portas traseiras e a coberto de redes de proteção mafiosas que atuam nas discotecas, sem deixar margem para as autoridades agirem no imediato e no âmbito do flagrante delito.

Esta situação resulta num sentimento de frustração para as forças de segurança e numa ideia de impunidade para quem apresenta queixa. 

Mas no caso do Algarve a situação tem outras proporções e enquadra-se num problema maior associado a um mercado, o da segurança privada, que é muito concorrencial, levando a disputas entre as diferentes empresas de segurança que controlam a noite e sobretudo os espaços da moda. 

Segundo foi possível apurar, a abertura de novos espaços noturnos tem aumentado a tensão entre estes grupos, empresas de segurança, num mercado altamente concorrencial e permeável à infiltração de redes criminosas. Quem já está implantado em determinado sítio e a trabalhar com determinado patrão não aceita que haja outro a ocupar o lugar.

Esta tensão tem-se concretizado na existência de ameaças reais entre os diferentes grupos que, a resultarem em ações concretas, podem pôr em causa o ambiente de determinados espaços.

Mas as forças de segurança estão atentas, garante a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna. Segundo Isabel Oneto há informação suficiente para fazer a fiscalização necessária. 

Admite, no entanto, que há situações que são complexas de investigação, como o caso dos seguranças não identificados que prestam serviços nas discotecas e, para esses casos, o Governo está a procurar reforçar o combate "dotando as forças de segurança de meios que permitam a prevenção da criminalidade". 
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