O presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, convocou para esta quarta-feira uma “reunião de urgência” destinada a avaliar o impacto do caso que envolve o presidente da Mesa da Assembleia Geral do organismo, Mário Costa, e uma academia de futebol no concelho de Vila Nova de Famalicão. Em causa estão suspeitas de tráfico humano na Bsports.
Nesta reunião, “será avaliado o impacto das notícias mais recentes relacionadas com o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Mário Costa, na gestão e estabilidade da Liga Portugal”, segundo um comunicado do organismo.
Mário Costa é o principal arguido neste processo. O presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portugal é suspeito do crime de tráfico de seres humanos. Em causa estão as condições a que se encontravam sujeitos jovens estrangeiros na Academia Bsports, em Riba d’Ave, estrutura gerida com pulso firme por parte de Mário Costa.A investigação da RTP apurou mais dados que vão ser revelados esta quarta-feira, às 13h00, no Jornal da Tarde, com uma entrevista à mãe de um dos menores estrangeiros vítimas do alegado tráfico.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras realizou buscas, na passada segunda-feira, à residência do dirigente desportivo e na academia de futebol. No mesmo dia, Mário Costa enviou uma nota às redações a afirmar que aguardava “serenamente o desenrolar das investigações certo e confiante de que se apurará a verdade dos factos que revelará que nenhum ilícito criminal foi praticado”.Miguel Frasquilho é um dos embaixadores da Bsports, academia que angariou os jovens e menores para Portugal. À RTP, o antigo presidente do Conselho de Administração da TAP admitiu exercer essas funções desde 2020. Mas enfatizou nunca ter sabido de quaisquer práticas potencialmente ilícitas.
Por sua vez, a Bsports declarou-se “certa e confiante de que se apurará a verdade dos factos, que revelará que nenhum ilícito criminal foi praticado pelos seus representantes ou colaboradores e que só por engano ou denúncia caluniosa alguém poderá ter pensado o contrário”.
Resgatados 114 jovens e menores
O alerta partiu dos pais dos jovens integrados na Bsports. Nos contratos celebrados com as famílias a academia comprometia-se a dar formação académica e desportiva aos jovens. As mensalidades oscilariam entre os 600 e os dois mil euros por mês.
Contudo, além da falta de professores e de condições no edifício, os jovens seriam obrigados a entregar os documentos de identificação aos seguranças. Não poderiam sair do recinto sem estarem acompanhados e, à noite, seriam trancados nos quartos a cadeado.Três jovens guineenses na Academia Bsports terão ameaçado suicidar-se.
O SEF resgatou, ao todo, 114 jovens e menores entre os 13 e os 22 anos de idade, oriundos de vários países de África, da América Latina e da Ásia.
Os maiores de idade permanecem provisoriamente na academia, mas com a possibilidade de sair e entrar quando quiserem. Os menores estão em casas de acolhimento e vão ser entregues às famílias nos países de origem.
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