O Ministério da Educação garante que a escola onde foi denunciado o ataque a um rapaz nepalês de nove anos desconhece o "alegado episódio" e que nesse estabelecimento de ensino não estuda nenhum menino dessa nacionalidade, apenas dois estudantes do ensino secundário. As declarações surgem depois de o Centro Padre Alves Correia, instituição de apoio a imigrantes vulneráveis, ter denunciado o caso de violência física e verbal.
“Isto não quer dizer que estas situações não mereçam obviamente a nossa melhor atenção. É um dos grandes desafios que nós temos na Educação em Portugal, que é o grande número de estrangeiros que temos nas nossas escolas”, adiantou.
Na véspera destas declarações, o Ministério disse numa nota ter contactado “os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas do concelho de Lisboa, não tendo sido identificada por estes nenhuma situação semelhante à relatada na comunicação social sobre um alegado ‘linchamento’ a um aluno ‘de nove anos’, de nacionalidade nepalesa, ‘numa escola de Lisboa’”.
O Ministério tutelado por Fernando Alexandre avança ainda que entrou em contacto com o Centro Padre Alves Correia, que denunciou o ataque, e que este inicialmente recusou colaborar.
“Após insistência, os serviços da DGEstE conseguiram apurar o estabelecimento de ensino em que a suposta agressão teria ocorrido”, lê-se na nota.
“Contactada a escola em causa, na Amadora, a Direção informou que os únicos alunos de nacionalidade nepalesa a frequentar o Agrupamento estão no Ensino Secundário. Informou ainda desconhecer por completo o alegado episódio ou qualquer situação semelhante, não tendo inclusive recebido qualquer participação sobre um ato idêntico. Não existe, por isso, qualquer ocorrência disciplinar registada”, concluiu o Ministério.
Apesar destas conclusões, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação “condena veementemente qualquer ato de discriminação, xenofobia, racismo ou intolerância, dentro ou fora dos estabelecimentos de ensino”.
A RTP apurou que o caso deu entrada no Ministério Público.
Denúncia foi feita por instituição da IgrejaNa terça-feira, a Rádio Renascença noticiou o caso de um rapaz de nove anos e nacionalidade nepalesa que foi atacado por um grupo de seis colegas, com insultos xenófobos e anti-imigrantes.
A agressão relatada, que para além de verbal também foi física, terá sido filmada e partilhada em grupos de WhatsApp dos alunos.
Quem fez a denúncia à escola foi a diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), instituição sem fins lucrativos que garante que os agressores, também menores, usaram frases racistas e xenófobas durante as agressões.
Segundo Ana Mansoa, dois meses depois dos factos, a vítima ainda acorda a meio da noite com pesadelos e tem medo de ir à escola.