Açores. Furacão Lorenzo provocou danos elevados

por Cristina Sambado - RTP
"Faremos, no fundo, aquilo que os açorianos fazem há 600 anos neste arquipélago. Reconstruir e andar para a frente", afirmou Vasco Cordeiro. Teresa Cerqueira - Lusa

A passagem do furacão Lorenzo pelo arquipélago dos Açores provocou mais de 250 ocorrências e obrigou ao realojamento de 53 pessoas. Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional, refere “danos elevadíssimos”, sublinhando que há muito trabalho pela frente. Para as ilhas das Flores e do Corvo foi decretada a situação de crise energética.

O Plano Regional de Proteção Civil já foi desativado e a situação regressa lentamente à normalidade.

Há muito trabalho, há danos que se afiguram elevadíssimos mas faremos, no fundo, aquilo que os açorianos fazem há 600 anos neste arquipélago. Reconstruir e andar para a frente”, afirmou Vasco Cordeiro à RTP.

O presidente do Governo Regional dos Açores realça o facto de não existirem vítimas e a responsabilidade da população.

“Isso é o principal. O facto de até este momento não termos vítimas a registar. Não termos feridos a registar. E isso deve-se, em primeiro lugar, à responsabilidade com que cada um encarou esta provação, digamos assim”, acrescentou.
Corvo e Flores em crise energética
O Governo Regional dos Açores declarou a situação de crise energética para garantir o abastecimento às populações das ilhas das Flores e do Corvo, devido aos estragos provocados pelo furacão.

O executivo justifica a declaração com estragos causados no Corvo e no Porto das Lajes, que impossibilitam o abastecimento de combustível por via marítima às duas ilhas do grupo ocidental.

"A situação de crise energética visa garantir os abastecimentos energéticos essenciais ao funcionamento de um conjunto de serviços estruturantes da região, dos setores prioritários da economia local e a satisfação das necessidades fundamentais da população das ilhas das Flores e do Corvo", é referido no despacho do Governo.

A situação de crise energética vai estar em vigor a partir das 19h00 de hoje até às 23h59 de 31 de outubro.

No despacho é referido que as condições verificadas nas ilhas justificaram a necessidade de declarar a situação energética e, a título excecional, adotar medidas preventivas e especiais de reação destinadas a garantir os abastecimentos energéticos essenciais ao funcionamento de setores prioritários da economia, bem como à satisfação dos serviços essenciais de interesse público e das necessidades fundamentais da população.
53 pessoas realojadas
Ao final da tarde de quarta-feira, o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, revelou que foi necessário realojar 53 pessoas, sobretudo na ilha do Faial, com a intervenção dos serviços municipais e da direção regional de Habitação.

Carlos Neves acrescenta que todas as ocorrências foram resolvidas e que “a vida das pessoas pode decorrer dentro das condições muito satisfatórias de segurança”.

O estrago mais grave foi no Porto das Lajes das Flores, onde o mar destruiu completamente o molhe, principal ponto de chegada de mercadorias e combustível à ilha. As ondas chegaram aos 15 metros.

Segundo o presidente do Governo Regional dos Açores, a “destruição que se verificou no Porto das Lajes põe em causa aspetos fundamentais como o abastecimento à ilha”.

“Vamos começar já a trabalhar para repor a normalidade das pessoas que vivem nas habitações afetadas por este mau tempo, assim como nas infraestruturas”, acrescentou Vasco Cordeiro que acompanhou a passagem do furacão na ilha das Flores. Os estragos vão ser avaliados esta quinta-feira por Pedro Siza Vieira, ministro-adjunto e da Economia (em representação do primeiro-ministro), e Nelson Sousa, ministro do Planeamento, que se vão juntar ao presidente do Governo Regional dos Açores.

O presidente da Federação das Pescas dos Açores, Gualberto Rita, referiu que as Lajes, nas Flores, foi onde se registaram mais prejuízos para o setor, ainda não quantificados.

Durante a tarde de quarta-feira, a SATA Air Açores retomou as ligações aéreas com o grupo Central e realizou três voos, que reencaminharam 250 passageiros para a Terceira, São Jorge, Pico, Graciosa e Faial.
A rede elétrica e aos serviços de telecomunicações também já estão estabelecidas.

Quanto ao setor da agricultura, o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, considerou que a passagem do furacão Lorenzo não foi "tão devastadora como era expectável", reconhecendo, no entanto, "graves prejuízos" em algumas ilhas, nomeadamente nas Flores, Pico, Faial e Corvo.

O furacão Lorenzo passou na madrugada de quarta-feira, entre as 4h00 e as 4h30, a cerca de 70 quilómetros a oeste das Flores, ainda com categoria 2 na escala de Saffir-Simpson, mas no limite inferior.

A rajada máxima registada pelo IPMA ocorreu às 8h25 locais no Corvo (aeroporto), com 163 quilómetros por hora.

O furacão Lorenzo perdeu entretanto força e está a rumar à Irlanda.

c/ Lusa
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