Um estudo sobre abuso sexual de menores que incidiu em 90 casos registados em quatro distritos portugueses revela que 18 por cento dos abusadores eram os próprios pais das vítimas.
O trabalho foi hoje apresentado por Cristina Soeiro, psicóloga do Instituto Superior de Policia Judiciária e Ciências Criminais, durante um Encontro sobre Abuso Sexual de Crianças e Jovens, que decorreu no Seixal.
Segundo a psicóloga, o estudo, que incidiu em 90 casos ocorridos nos distritos de Lisboa, Leira, Coimbra e Faro entre 2002 e 2003, indicou que a percentagem de pais a abusar sexualmente dos filhos é superior à de outros países, onde as ocorrências são mais elevadas com os padrastos ou com outros elementos da família.
No tratamento dos dados recolhidos foi feita uma análise das situações extrafamiliares e intrafamiliares.
O estudo revelou, por exemplo, que, nos casos em que os abusos foram realizados por elementos fora da família, 40 por cento dos abusadores eram conhecidos das crianças, a idade média das vítimas era de 10 anos e 62,4 por cento das situações tinham ocorrido uma única vez.
Já no que respeita a ocorrência dentro da família, o estudo indica que 30 a 50 por cento dos agressores são familiares das crianças e que nestes casos as vitimas são mais pressionadas a manter segredo e o abuso sexual tem maior escalada de violência.
Dizem os dados hoje apresentados que 18 por cento dos abusadores eram os pais das crianças, 10 por cento eram padrastos, 18 por cento vizinhos, e cinco por cento avós.
De acordo com a psicóloga, os agressores nestes 90 casos analisados tinham varias profissões e níveis de escolaridade e em 70 por cento dos casos não tinham qualquer registo criminal.
O estudo revela que 46 por cento tinham o ensino básico, 15 por cento eram analfabetos, 12 por cento tinham o ensino secundário e 6,6 por cento tinham formação universitária.
Relativamente às vítimas, 72 por cento eram crianças do sexo feminino.
