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2.000 pessoas nos funerais vítimas acidente em Espanha-c/foto

por Agência LUSA

Mais de 2.000 pessoas participaram hoje, em Paredes e Cinfães, nos funerais de quatro dos cinco operários mortos segunda-feira num acidente de trabalho em Espanha.

Só em Santiago de Piães, segundo fonte da estação local Rádio Montemuro, cerca de mil pessoas - o equivalente a metade da população da freguesia - incorporaram-se no funeral de Márcio Ferreira Meneses.

Quatro dessas pessoas tiveram de ser assistidas por uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica e dos Bombeiros de Cinfães, referiu a fonte.

Márcio Meneses, 19 anos, solteiro, era o mais novo dos trabalhadores mortos em Granada, e esta era sua primeira experiência como trabalhador emigrante.

No concelho de Paredes foram a enterrar hoje três outras vítimas mortais do acidente: António Francisco Alves Barros, na freguesia de Vilela, Paulo Machado Fernandes, na de Rebordosa, e Joaquim Pacheco Moreira, na de Santa Eulália de Sobrosa.

António Barros, 44 anos, casado, era carpinteiro na empresa Douro Montemuro, subcontratada para as obras da auto-estrada espanhola e há muito que trabalhava naquele país, visitando a terra natal de três em três semanas.

O seu funeral realizou-se da capela mortuária para o cemitério da vila, sendo acompanhado por 300 pessoas.

Na homilia, o sacerdote sublinhou a circunstância de este acidente enlutar particularmente o concelho de Paredes, mas sublinhou o "dever" dos cristãos de se preocuparem sobretudo com a "vida eterna".

"Aquilo que aconteceu é apenas uma separação momentânea e física", referiu.

Em Rebordosa, o corpo de Paulo Fernandes encontrava- se em câmara ardente na Igreja Matriz, tendo sido transportado para a igreja nova da localidade, que se encheu com 500 pessoas, antes de ser sepultado no cemitério local, a meio quilómetro de distância.

Paulo Fernandes, 24 anos, solteiro, cumpria em Espanha o segundo de seis meses do seu contrato de trabalho como carpinteiro, embora fosse especializado em soldadura.

Tinha estado com os familiares 15 dias antes do acidente em Rebordosa e manifestara a intenção de não voltar a Espanha após o termo do contrato de trabalho.

Na mesma altura foi a enterrar em Santa Eulália de Sobrosa, perante 150 pessoas, o operário Joaquim Pacheco Moreira, 35 anos, casado, que era pai uma menina de oito anos e cuja viúva está grávida de três meses.

Joaquim Moreira, que trabalhava na construção civil em Espanha há ano e meio, residia na contígua freguesia de Duas Igrejas.

Em conversas que precederam os funerais de Paredes, a Lusa ouviu sobretudo lamentos relativos à crise na indústria de mobiliário, dominante na região, que "obriga" os mais novos a procurar empregos no estrangeiro.

A indústria espanhola da construção civil paga salários superiores a mil euros, o dobro do geralmente praticado em Portugal, disse à Lusa um habitante de Rebordosa.

O funeral da quinta vítima mortal, Francisco Silva Soares, está marcado para as 15:00 de quinta-feira, em Fonte Arcada, Penafiel.

Francisco Soares, 35 anos, casado, pai de uma criança de seis anos, era um técnico de ar condicionado que há ano e meio optou por trabalhar em Espanha como carpinteiro.

Os cinco operários morreram segunda-feira devido à queda de uma plataforma de cimento na obra de construção da auto-estrada do Mediterrâneo (entre Málaga e Almeria, no Sul de Espanha).

O acidente resultou da queda, da altura de 80 metros, de uma estrutura destinada à construção de um viaduto em Torrecuevas, próximo de Almuñecar, Granada.

Mais de 20 toneladas de cimento e ferro caíram sobre os trabalhadores.

As autoridades espanholas assumiram a responsabilidade com a transladação dos corpos, funerais e indemnizações às famílias das vítimas deste acidente.

Cerca de 50 portugueses foram contratados para esta obra, através da empresa através da empresa Douro Montemuro, de José Cardoso Silva.

Nas obras da mesma auto-estrada já tinham morrido pelo menos dois trabalhadores e vários outros ficaram feridos, em acidentes que levaram os sindicatos a pedir um reforço das medidas de segurança.

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