O belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) começa no sábado a defender a vitória numa Volta a Espanha carregada de estrelas, em que o esloveno Primoz Roglic e a Jumbo-Visma procuram fazer história.
Agora, apresenta-se como um dos favoritos à vitória final na Vuelta, que tem um dos pelotões mais fortes dos últimos anos, com muitos candidatos ao triunfo final e à presença no pódio, entre os quais o português João Almeida (UAE Emirates), terceiro no último Giro.
Vencedora do Giro com Roglic e do Tour com o dinamarquês Jonas Vingegaard, a Jumbo-Visma tem a possibilidade de fazer história e tornar-se a primeira equipa a conquistar as três grandes Voltas no mesmo ano.
A última equipa a conseguir vencer o Giro e o Tour e ainda colocar um homem no pódio na Vuelta foi a Banesto em 1992, com o espanhol Miguel Indurain a vencer em Itália e França e o compatriota Pedro Delgado a ser terceiro em Espanha.
Para Roglic esta edição da Volta a Espanha poderá também ser histórica, caso consiga o quarto triunfo na prova espanhola, depois dos êxitos em 2019, 2020 e 2021, algo só conseguido pelo já retirado espanhol Roberto Heras.
O esloveno pode ser o primeiro a conseguir ganhar o Giro e a Vuelta no mesmo ano desde o espanhol Alberto Contador em 2008, enquanto Vingegaard pode imitar Chris Froome, que, em 2017, venceu o Tour e a Vuelta, algo que só tinha sido feito por Bernard Hinault em 1978.
A equipa neerlandesa apresenta-se com um forte conjunto para tentar fazer história, com os dois chefes de fila e alguns dos seus melhores gregários, com destaque para o norte-americano Sepp Kuss, decisivo nos triunfos no Giro e no Tour.
A força da equipa pode ser um dos fatores decisivos para a decisão da Vuelta, pois Evenepoel não vai ter a mesma força a puxar por si, numa Soudal Quick-Step ainda pouco adaptada a corridas de três semanas.
Os espanhóis, sem qualquer triunfo desde 2014, com Alberto Contador, têm este ano duas esperanças, Enric Mas (Movistar) e Juan Ayuso (UAE Emirates), segundo e terceiro em 2022, respetivamente, com Mikel Landa (Bahrain Victorius) a surgir num segundo patamar.
Expectativa pelos portugueses
A UAE Emirates apresenta-se com uma liderança bipartida, entre o jovem espanhol, de 20 anos, e o português João Almeida, que foi quinto em 2022, numa equipa que terá ainda Rui Oliveira entre os eleitos para ajudar os líderes - Ivo Oliveira chegou a estar convocado, mas foi substituído devido a doença.
Já com três segundos lugares na Vuelta, Mas vai tentar finalmente dar o passo em frente e chegar ao triunfo final, tendo ao seu lado dois portugueses, Nelson Oliveira, que vai para a sua 19.ª grande Volta, e Ruben Guerreiro.
Numa Vuelta com um forte contingente português, também vão estar presentes Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty), que vai para a sua 16.ª grande Volta, e o estreante André Carvalho (Cofidis).
Nomes sonantes
Vencedor do Tour em 2018 e segundo classificado no Giro de 2023, o britânico Geraint Thomas é outro dos, já assumidos, candidatos ao pódio, com a INEOS a apresentar ainda o colombiano Egan Bernal, ainda em busca do regresso à boa forma, após o acidente que sofreu no início de 2022.
O italiano Damiano Caruso e o colombiano Santiago Buitrago (Bahrain Victorius), o francês Romain Bardet (DSM-Firmenich), o russo Aleksandr Vlasov (Bora-hansgrohe) e o britânico Hugh Carthy (EF Education-EasyPost) pouco mais devem poder aspirar do que tentar entrar no top 10 numa volta duríssima e quase sem espaço para sprinters.
Prova muito dura
Desde a partida de sábado em Barcelona e a chegada a Madrid, em 17 de setembro, os homens mais rápidos apenas deverão poder lutar pelo triunfo em quatro etapas.
A dureza da Vuelta de 2023 vai começar logo na primeira semana, com o arranque com um contrarrelógio coletivo de 14,8 quilómetros em Barcelona a poder marcar logo as primeiras diferenças.
A primeira semana será bastante dura, com apenas uma etapa plana e as duas primeiras chegadas em alto: à terceira etapa, em Arinsal, Andorra, e à sexta, no Observatorio Astrofísico de Javalambre.
A segunda semana começa com um contrarrelógio individual de 25,8 quilómetros, em Valladolid, três dias antes da chegada ao topo do mítico Tourmalet, numa curta visita a França.
Já na terceira semana, será a vez da subida a outra das mais lendárias chegadas da Vuelta, o alto do Angliru, com a etapa mais longa da 78.ª Vuelta a ficar reservada para a véspera da chegada a Madrid, com 208 quilómetros de constante sobe e desce, entre Manzanares El Real e Guadarrama.