Remco Evenepoel vai tentar, a partir de quarta-feira, tornar-se no segundo ciclista a vencer três Voltas ao Algarve, enfrentando a forte concorrência de um pelotão de estrelas, no qual pontificam Wout van Aert, Sepp Kuss ou Geraint Thomas.
Atendendo ao impressionante nível que demonstrou no primeiro dia de competição em 2024, coroado logo com uma vitória, Remco Evenepoel é, aos 24 anos, um sério candidato a igualar o português Belmiro Silva, único ciclista a ter vencido a Volta ao Algarve por três vezes (1977, 1981 e 1984).
O prodígio da Soudal Quick-Step tem, contudo, concorrência à altura, uma vez que o pelotão da 50.ª edição é certamente um dos melhores dos últimos anos, contando, entre outros, com outro dos "galáticos" do ciclismo atual, o também belga Wout van Aert, além do norte-americano Sepp Kuss, vencedor da Vuelta2023, dos britânicos Geraint Thomas, "vice" do Giro2023, Thomas Pidcock, campeão olímpico de cross country’, ou Tao Geoghegan Hart, o campeão do Giro2020.
Se Van Aert vai estrear-se no Algarve, Kuss, seu colega na Visma-Lease a Bike, regressa à prova portuguesa, na qual esteve em 2017, com as cores da Rally Cycling, a equipa do segundo escalão mundial que representou antes de dar o salto para o WorldTour na formação neerlandesa.
Os dois rivalizam em protagonismo com o carismático Thomas, outro pretendente ao "tri" – venceu as edições de 2015 e 2016 -, e o mais credenciado dos representantes de uma INEOS fortíssima, que vai alinhar também com Pidcock e o italiano Filippo Ganna, respetivamente vencedor no Malhão e ‘vice’ na geral final da passada edição, além do promissor neerlandês Thymen Arensman.
Um dos grandes motivos de interesse da 50.ª "Algarvia" é a presença de Geoghegan Hart (ex-INEOS), em estreia com as cores da Lidl-Trek e de regresso à competição após a grave queda na última edição da 'corsa rosa', que o levou a uma longa convalescença após ter fraturado a anca.
Presente estará também o campeão em título, Daniel Martínez, que, no ano passado, foi o inesperado vencedor, após contrariar o favoritismo do antigo companheiro Ganna no contrarrelógio final, batendo-o por apenas dois segundos. Desta vez, o colombiano fará parte do ‘sete’ da BORA-hansgrohe, que conta ainda com o também colombiano Sergio Higuita, vencedor no alto do Malhão em 2022, e o alemão Maximilian Schachmann, vice-campeão no Algarve em 2020.
Vasto lote de pretendentes
A constelação de nomes do ciclismo mundial que estará na principal prova velocipédica disputada em território nacional vai arrastar uma multidão de jornalistas, nomeadamente belgas - o interesse mediático só encontra paralelo nos tempos de Alberto Contador -, mas, seguramente, também de fãs da modalidade, internacionais e nacionais, estes últimos privados da esperada presença de João Almeida, que viu uma constipação atrasar-lhe a preparação para a temporada em que se estreará na Volta a França.
No entanto, estará Rui Costa (EF Education-EasyPost), sempre uma aposta segura na discussão pelo pódio, onde já esteve em 2014 (terceiro). Décimo no ano passado, o veterano ciclista português, de 37 anos, tem no currículo vários lugares no "top 5" da prova - foi quarto classificado em 2020 e quinto em 2013 e 2012.
Outras figuras que estarão na 50.ª "Algarvia" são Magnus Cort Nielsen (Uno-X), vencedor de duas etapas na edição anterior, o suíço Stefan Küng (Groupama-FDJ), o melhor no ‘crono’ no ano passado (e em 2019), ou o sprinter francês Arnaud Démare (Arkéa-B&B Hotels), aos quais se juntam outros ‘emigrantes’ portugueses: Rui Oliveira e António Morgado (UAE Emirates) e Iúri Leitão (Caja Rural), campeão mundial de omnium.
A 50.ª Volta ao Algarve está na estrada entre quarta-feira e domingo, arrancando em Portimão e terminando no alto do Malhão, após 752,7 quilómetros.