Râguebi/Mundial: Portugueses em festa `engolem` australianos em Saint-Étienne

por RTP
Gonzalo Fuentes - Reuters

Centenas de portugueses em festa 'engoliram' hoje os adeptos australianos na ‘fan zone’ de Saint-Étienne e nas imediações do Estádio Geoffroy-Guichard, onde as seleções dos dois países se defrontam em encontro do Mundial de râguebi França2023.

Em maior número, e com cânticos de “Portugal allez” os seguidores dos ‘lobos’ não hesitavam em puxar para o centro dos seus festejos os adeptos dos ‘wallabies’, que tinham dificuldade em passar despercebidos devido às suas camisolas amarelas.

A interação era, no entanto, sempre bem recebida pelos fãs que viajaram do hemisfério sul e terminava invariavelmente com um brinde de cerveja, votos de “bom jogo” e “boa sorte” de parte a parte, ou com algum adepto luso mais ‘afoito’ a garantir-lhes que “não têm hipótese”.

À entrada da ‘Rugby Village’ de Saint-Étienne, usada por muitos adeptos como ponto de encontro para uma refeição e uma - ou várias - cervejas antes de rumarem ao estádio, Miguel Lopes Cardoso era dos que mais vezes 'vaticinava' o destino dos adversários e ‘liderava’ uma comitiva de quase 50 adeptos, maioritariamente do Porto, que se deslocaram a Saint-Étienne para assistir ao Austrália-Portugal.

Após uma “maratona entre Porto, Paris e Lyon” devido a vários “voos cancelados”, com mais seis familiares, viajou com o restante grupo de autocarro, de Lyon até Saint-Étienne, onde faziam a festa à entrada da ‘fan zone’ por não ser permitido entrar com as cervejas e a comida que transportavam.

“Está a ser uma festa incrível. Estamos a divertir-nos imenso, que é o que realmente importa”, disse à agência Lusa, após mais um ‘corredor’ a um grupo de australianos.

Os adeptos dos ‘wallabies’ que chegavam à ‘Village’ eram recebidos com ‘uivos’ pelos elementos do grupo, que na sua maioria usavam um ‘gorro’ em forma de cabeça de lobo, e acediam aos gritos de “canguru, canguru” ou aos cânticos de “Portugal, Portugal”.

Não percebiam, provavelmente, os incentivos a “Nuno Sousa Guedes, João Belo e Pedro Bettencourt”, jogadores do CDUP ou formados no clube do Porto, assim como a “José Madeira”, da parte de uma das várias “pessoas amigas de Lisboa” que também integravam o grupo.

Muito por ‘culpa’ deste grupo da ‘cidade invicta’, a festa era mais ‘rija’ no exterior da Rugby Village do que no interior, onde George, William, Carter e Marcus se destacavam pelos adereços de diferentes países.

Os quatro amigos de infância viajaram de Londres propositadamente para assistir ao Portugal-Austrália, uma vez que George é descendente de portugueses da Nazaré, e envergava a réplica da camisola oficial da seleção portuguesa de râguebi, enquanto William é australiano e ‘vestia’ uma bandeira do país como ‘capa’.

Marcus, de ascendência “chinesa”, nasceu na Austrália apesar de os pais terem “nacionalidade neozelandesa”, motivo pelo qual vestia uma camisola alternativa dos ‘wallabies’ e envergava um cachecol dos ‘All Blacks’.

A ‘destoar’, o mais velho do grupo, Carter, de 26 anos, envergava uma camisola da Irlanda e foi ‘denunciado’ à Lusa pelos restantes elementos do grupo como “adepto do Liverpool” por “o seu jogador favorito” ser o ex-benfiquista “Darwin Nuñez”.

Já em frente à Porta D do Estádio Geoffroy-Guichard, numa zona de restauração com esplanadas, eram maioritariamente adeptos de Lisboa os mais entusiastas a ‘absorver’ os australianos nos seus festejos.

Um grupo de “cerca de 10 pessoas” que vai variando de jogo para jogo, mas inclui “adeptos e jogadores de CDUL, Belenenses, Direito, Cascais, Agronomia, São Miguel” e também da “Lousã”, explicou à Lusa Joaquim Félix António, ele próprio jogador sénior do CDUL.

“Está a ser uma grande experiência, foi uma grande sorte termos Portugal no Mundial, aqui em França. Espero que o governo e as instituições públicas invistam mais no râguebi a partir de agora, porque as condições deste apuramento foram muito precárias”, apontou.

Junto ao grupo, o camionista Carlos Barroso, “de Vale Formoso, Covilhã”, mas a residir em Lyon, já estava perfeitamente ‘integrado’ e era chamado pelos restantes como “o lobo da Serra da Estrela”.

“Não conhecia o râguebi” antes da presença dos ‘lobos’ no Mundial de França2023, mas está rendido a uma modalidade em que “reina a boa disposição entre os adeptos”.

“Comecei a vir aos jogos só porque é Portugal e gosto de Portugal. Aqui é só boa disposição, isto é uma grande festa e a vida é curta, tem de ser aproveitada”, justificou o “Kikas”, que, antes de voltar a juntar-se à festa, preconizou: “Hoje vamos deitá-los abaixo. Os ‘lobos’ são mesmo valentes”.

Portugal defronta hoje a Austrália, em partida da quarta jornada do Grupo C do Campeonato do Mundo de râguebi França2023 agendada para as 16:45 (hora de Lisboa), no Estádio Geoffroy-Guichard, em Saint-Étienne, com arbitragem do georgiano Nika Amashukeli.

A seleção portuguesa, orientada pelo francês Patrice Lagisquet, 'folgou' na primeira jornada da competição, perdeu com o País de Gales (28-8) na segunda ronda e empatou com a Geórgia (18-18) na terceira.

Após o jogo com a Austrália, os 'lobos' têm ainda uma partida agendada com as Ilhas Fiji, no domingo, que encerra a fase de grupos do França2023.

O Campeonato do Mundo de râguebi França2023 teve início em 08 de setembro e disputa-se até 28 de outubro.
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