Paralímpicos. Paris abre Jogos com apelo "à concórdia"e a uma "revolução de inclusão"

por Lusa
Charles-Antoine Kouakou, Nantenin Keita, Fabien Lamirault, Alexis Hanquinquant e Elodie Lorandi erguem as pequenas tochas olímpicas que acenderam o balão que transporta o "Caldeirão da Chama Olímpica" Fotos: Reuters

Paris deu hoje, "à grande e à francesa", início aos Jogos Paralímpicos2024, numa ousada cerimónia no coração da cidade, na qual pediu ao mundo que, através de uma inclusão sem preconceitos, caminhe da "discórdia à concórdia".

Na festa que trouxe os Jogos à Praça da Concórdia e aos Campos Elíseos, com calor e sem a chuva que há cerca de um mês teimou em “abençoar” a abertura dos Jogos Olímpicos, a delegação portuguesa foi a 127.ª das 168 presentes a desfilar desde o Arco do Triunfo, com Diogo Cancela e Margarida Lapa como porta-estandartes.

O coração de Paris, que fez jus ao epíteto de cidade Luz, viveu um “Paradoxo, da Discórdia à Concórdia”, o título escolhido para a cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos realizados em França, com direção artística de Thomas Joly, que também idealizou a abertura dos Olímpicos.

Em segmentos diferentes, dois grupos distintos – o “strict society” [sociedade fechada] e o “gang creative” [gang criativo] – aproximaram-se e conseguiram passar discórdia à concórdia, usando a criatividade para ultrapassar a distância que os separava.

Com diversas performances de música e dança, os franceses aproveitaram para fazer um convite para que todos pensem no seu papel na construção de uma sociedade mais inclusiva, lembrando que 15% da população mundial tem algum tipo de deficiência, e apelar "à revolução da inclusão".

Separados no início, os grupos começaram a “olhar um para o outro” ainda antes do desfile das 168 delegações presentes, ao som de uma nova versão de “Non, je no regret pas”, de Edith Piaf.

Com uma narrativa que deu voz às dificuldades diárias que se colocam no caminho das pessoas com deficiência, os dois grupos mostraram a importância da reflexão sobre o tema, da adaptação, da criatividade e do apoio.

Depois de mais de uma hora e meia de desfile das delegações, ao som das escolhas do DJ Myd, que “fez” dançar a Praça da Concórdia, que “explodiu” com a entrada da comitiva francesa, ao som de “Les Champs Elysées”

O espetáculo, com audiodescrição em várias línguas disponível na aplicação oficial do evento, a cerimónia entrou depois numa nova fase, com várias pessoas com deficiência a mostrarem-se “esperançadas num futuro mais inclusivo”.

Os dois grupos voltaram ao centro da ação, já com quase todas as diferenças superadas, dando uma visão de unidade e igualdade de oportunidades, numa celebração de diversidade e criatividade compartilhada.

Depois do presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, ter pedido no palco da revolução francesa que Paris seja palco de uma “revolução de inclusão”, o líder da República Francesa, declarou aberto o evento, no qual Portugal soma a sua 11.ª participação.

A bandeira paralímpica chegou ao centro da festa pelas mãos do antigo atleta paralímpico John McFall, medalhado em Pequim2008, e o primeiro astronauta com deficiência a ingressar na Agência Espacial Europeia, imediatamente antes de o hino paralímpico ecoar na Concórdia.

Embalada pelo Bolero, de Maurice Ravel, a Praça da Concórdia “apagou-se” para receber a chama paralímpica, acesa na cidade inglesa de Stoke Mandeville, o ‘berço’ da competição, a chama passou por quatro atletas paralímpicos medalhados, junto ao obelisco de Luxor.

A chama saiu depois da Praça da Concórida, na mão do velocista Marcus Rehm, passando por vários atletas ao longo dos Campos Elíseos, rumo à pira paralímpica, em forma de balão de ar quente, situada no Jardim de Tuileries.

Acesa por cinco campeões paralímpicos franceses, a pira iluminará Paris até 08 de setembro, dia em que a capital gaulesa passará o testemunho a Los Angeles.
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