A qualificação de Portugal para o Mundial de râguebi 'sevens' vem "reforçar a autoestima" da modalidade e dar "algum balão de oxigénio" para continuar a preparar um grupo para o futuro, disse hoje o selecionador português.
"Era bom conseguirmos agarrar esta energia positiva. Espero que as pessoas deixem de estar de 'faca afiada' e apoiem estes jovens jogadores, pois é o que eles precisam: apoio, incentivo e perceber que ninguém nasce ensinado e as coisas não se fazem do dia para a noite", atirou o técnico, que vai disputar o seu segundo mundial como selecionador, após uma participação como jogador.
Ainda assim, Sousa admitiu que "o que foi feito em tão pouco tempo deve deixar orgulhosos a todos os envolvidos" na qualificação, incluindo os jogadores que disputaram, recentemente, o Europeu sub-18 da variante, mas recusou traçar, desde já, objetivos para o Mundial.
"Estamos em fase de maturação. Depois, em função do grupo que conseguirmos reunir, podemos traçar objetivos", comentou.
É que a consolidação de um grupo de trabalho para os 'sevens' é algo que já "há dois anos se tinha tentado começar a construir", mas os trabalhos foram sofrendo alguns contratempos.
Neste hiato, alguns jogadores tiveram de abandonar o projeto, "uns por razões pessoais ou profissionais", outros mesmo "absorvidos pela seleção de râguebi de 15".
A qualificação para o Mundial de França2023 é o principal desígnio da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR), pelo que o "grupo alargado" que precisa de ser colocado à disposição de Patrice Lagisquet, no râguebi de 15, acaba por condicionar o trabalho do seu homólogo dos 'sevens'.
"Mas a mim, isso até me dá 'gozo'. O azar de uns é a oportunidade de outros e estou satisfeito por ter visto muitos novos jogadores que se desenvolveram e se mostraram. E tenho a certeza que o (râguebi de) 15 já deve estar a olhar para eles, após estas prestações que têm tido", assumiu Frederico Sousa.
Portugal conseguiu o apuramento para o Mundial de 'sevens' após derrotar a Espanha por 20-19, na fase eliminatória do torneio de qualificação que se disputou no último fim de semana, em Bucareste.
O torneio até nem começou da melhor forma, com os 'lobos' a somarem derrotas frente à Itália (14-5) e à Irlanda (29-0), mas um triunfo robusto (51-0) sobre a Polónia, no segundo dia, assegurou o melhor terceiro lugar e a disputa da eliminatória final com os 'leones', que "não gostam de jogar contra nós", de acordo com o 'capitão' do grupo.
"Nos 'sevens' é mesmo assim, tudo muda de um dia para o outro. Não éramos os piores do mundo quando perdemos no sábado e não passámos a ser os melhores quando ganhámos no domingo", frisou Rodrigo Freudenthal.
O 'segredo' do sucesso foi "neutralizar as expectativas" do grupo entre os dois dias de competição e "seguir cegamente os planos de jogo do treinador".
"Somos jovens e não temos nenhum 'superstar', ninguém que se destaque. Mas, quando assumimos um plano de jogo, todos o fazíamos e conseguimos estar sincronizados. Toda a gente já sabia onde o outro iria estar em cada momento. Depois, alguma garra e coração a defender, fizeram o resto", resumiu o jogador do Belenenses.
E até em relação aos objetivos para o Mundial, o grupo está alinhado com as ideias de Frederico Sousa, que garantiu à Lusa que "ainda é cedo" para traçar metas.
"Ainda nem pensámos nisso. Agora estamos a festejar, depois temos umas férias após uma época longa e desgastante, mas, daqui a duas semanas, já começamos a preparar o Mundial", apontou Freudenthal, ainda em Bucareste, ao telefone com a Lusa.
A seleção portuguesa de râguebi 'sevens' qualificou-se no domingo para o Campeonato do Mundo da variante, que se disputa entre 09 e 11 de setembro, na Cidade do Cabo, na África do Sul.
Vai ser a sexta participação de Portugal na competição, que falhou apenas na edição inaugural, em 1993, na Escócia.
O melhor resultado de Portugal num Campeonato do Mundo de râguebi 'sevens' foi obtido em 2005, com um 10.º lugar em Hong Kong.