Remco Evenepoel chegou, viu e venceu, conquistando com autoridade a segunda edição da Clássica da Figueira em bicicleta, no primeiro dia de competição em 2024, graças a um ataque em solitário a mais de 50 quilómetros da meta.
“Não podia ter sido mais cedo”, brincou Evenepoel, referindo-se ao facto de ter vencido logo na estreia na nova época, no final dos 192 quilómetros, com início e final nas imediações da Torre do Relógio, na Figueira da Foz, que completou em 4:42.25 horas.
Figura ‘maior’ da Clássica da Figueira, o campeão belga confirmou o favoritismo de forma autoritária e deixou um sério aviso aos demais pretendentes ao triunfo final na Volta ao Algarve, agendada entre 14 e 18 de fevereiro.
Por precaução, a organização encurtou em 30 quilómetros o percurso, anulando uma das quatro voltas ao deslumbrante circuito final, mas as condições meteorológicas adversas esperadas para hoje resumiram-se a aguaceiros esporádicos, além do vento forte, com os 155 ciclistas a iniciarem os 192 quilómetros sob um 'simpático' sol de inverno.
Cientes do impacto da prova, este ano promovida à categoria UCI ProSeries, a segunda mais importante do calendário internacional, as equipas nacionais lançaram imediatamente para a frente da corrida os seus representantes, com uma fuga de sete homens a formar-se logo aos oito quilómetros.
Aos portugueses André Carvalho (Sabgal-Anicolor), Afonso Eulálio (ABTF-Feirense) – o corredor ‘local’ -, Bruno Silva (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), Luís Fernandes (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar) e Hugo Nunes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), juntaram-se os espanhóis José Félix Parra (Kern Pharma) e Ibai Azurmendi (Euskaltel-Euskadi), com os fugitivos a construírem uma vantagem que chegou a ultrapassar os cinco minutos.
Vencedora da primeira edição, com o ‘ausente’ Casper Pedersen, a Soudal Quick-Step ‘vestiu’ o estatuto de campeã em título e assumiu a perseguição à fuga, prejudicada por um incidente de corrida: à reentrada na Figueira da Foz, os escapados pararam numa passagem de nível e viram a diferença reduzir-se para pouco mais de um minuto.
Assim, a iniciativa ficou irremediavelmente condenada e acabou ao quilómetro 111, na primeira de três escaladas ao Parque Florestal. Com mais de 80 quilómetros para percorrer, ninguém ousou distanciar-se, tal era o poderio exibido pela formação de Evenepoel, que, na segunda passagem nessa subida, atacou, sem que ninguém conseguisse responder.
Faltavam mais de 50 quilómetros para o final quando o prodígio belga se isolou, protagonizando um verdadeiro ‘crono’ individual à frente do pelotão, de onde saiu o jovem mexicano Isaac del Toro (UAE Emirates), para tentar chegar ao homem da frente, sem sucesso.
Sem que a organização da clássica portuguesa disponibilizasse quilometragem ou diferença de tempos na emissão televisiva, foi-se percebendo, no entanto, que dificilmente o vencedor da Vuelta2022 e atual campeão mundial de contrarrelógio seria alcançado.
Era o primeiro dia de competição para o belga de 24 anos nesta nova época, mas o seu nível é tão mais elevado do que o dos ‘comuns mortais’, que nem o facto de não correr desde 15 de outubro se notou na estrada.
O ciclista da Soudal Quick-Step tinha anunciado na véspera que queria sair de Portugal com uma vitória e que, quanto mais cedo vencesse, melhor, e hoje não deu hipóteses a ninguém, entrando na última volta ao circuito com um minuto de vantagem sobre Del Toro e 1.25 sobre o grupo perseguidor.
O mexicano acabaria por ser ‘absorvido’, enquanto Evenepoel continuava a sua ‘caminhada’ para a glória e para o 51.º triunfo da precoce carreira.
Restava a luta pelo ‘top 3’ e quer o jovem António Morgado (UAE Emirates), impressionante na última subida ao Parque Florestal, quer Ruben Guerreiro (Movistar) tentaram a sua sorte – o mais experiente dos portugueses acabaria por ser o melhor ciclista nacional, na nona posição, a 1.48 minutos do vencedor.
(Com Lusa)