Erro do árbitro e falta de fair-play de Garín travam Nuno Borges

por Lusa
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa

O árbitro Christian Rask e a ausência de desportivismo de Cristian Garín condicionaram o encontro de Nuno Borges, que acabou eliminado nos ‘quartos’ do Estoril Open em ténis, perante um coro de assobios ao seu adversário chileno.

Disputava-se o sexto jogo do segundo set quando tudo aconteceu: o número um português, em claro crescendo no encontro, dispunha de um ‘break’ e, durante a jogada, alguém no público gritou ‘out’. Segundo Garín, Nuno Borges parou o ponto, uma inverdade assumida como verdadeira pelo árbitro, hoje tornado ‘especialista’ em linguagem corporal.

O jornalista da Antena 1 João Gomes Dias ouviu as declarações do tenista português Nuno Borges.

No entanto, apesar de alegadamente ter entendido que o maiato desistiu de jogar, o chileno fez-se à bola e enviou-a para fora. Christian Rask cantou ‘deuce’ e o court central do Clube de Ténis do Estoril veio abaixo.

O luso chamou ao campo o supervisor do torneio, o português Carlos Sanches, e, após uma longa discussão junto à rede, o árbitro, que tinha confessado não se recordar da jogada e onde tinha caído a bola, manteve a sua inexplicável decisão, quando os ‘cânones’ da modalidade ‘ditam’ que o ponto deveria ser repetido.

O jogo, que durou 20 minutos – além de outros 10 de paragem –, teve 13 vantagens e no qual o maiato de 27 anos dispôs de seis ‘break-points’, acabou por pender para o chileno, que venceu por 6-2 e 7-6 (7-3), em duas horas e 10 minutos.

Esse momento condicionou definitivamente a recuperação do português, que ainda se bateu por uma reviravolta, com muito apoio do público, que aplaudia cada erro de Garín e assobiava o chileno sempre que podia, mas animicamente não mais recuperou, acabando mesmo por dizer a Rask, quando o encontro acabou: “Gostava de poder dizer que fizeste um bom trabalho”.

Antes da polémica, o encontro dos quartos de final tinha começado com o 62.º classificado do ranking mundial longe do seu melhor ténis, talvez acusando o ‘peso’ de estar pela primeira vez nessa fase do torneio nacional.

Com o primeiro serviço a não entrar, Borges foi quebrado logo no terceiro jogo do set inicial e sofreu novo ‘break’ no quinto. A falhar muitas bolas, ia sendo apoiado junto ao court pelos compatriotas Henrique Rocha, Jaime Faria, Pedro Sousa, Frederico Silva e o seu amigo e parceiro de sempre Francisco Cabral, mas ‘entregou’ mesmo o primeiro parcial, com erros que deram o 6-2 a Garín.

Após um mau set inaugural, o nível de ténis melhorou consideravelmente, sobretudo porque o último resistente nacional no Clube de Ténis do Estoril se encontrou e entrou finalmente no encontro.

Depois de anular um ‘break’ no terceiro jogo, soltou-se e colocou o 112.º jogador mundial sob elevada pressão: Garín foi testado no quarto jogo, mas salvou-se de apuros com ‘winners’.

O ‘momentum’ tinha mudado e, mais agressivo e certeiro, Borges dispôs finalmente de um ‘break’ no sexto jogo, com o desfecho que se sabe. A polémica foi tão grande que até os franceses Fabien Reboul e Sadio Doumbia, que, depois de se apurarem para as ‘meias’ de pares, assistiam ao encontro junto ao court, interpelaram Carlos Sanches para dizer que a bola do chileno tinha sido fora.

O jogador da casa nunca conseguiu ultrapassar o erro do árbitro e a falta de fair-play do adversário, que também alegou não ter visto onde caiu a bola e nunca defendeu a repetição do ponto, e a derrota tornou-se iminente, sendo consumada no ‘tie-break’.

Borges saiu do court sem se despedir do seu público, que ‘brindou’ o agora semifinalista do torneio – vai defrontar o polaco Hubert Hurkacz - com a maior ‘vaia’ de que há memória no Clube de Ténis do Estoril.
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