Crónica de bastidores. Para a medalha pedalar, pedalar

por Inês Geraldo - RTP (enviada especial a Paris)
Iuri Leitão mostra a medalha de prata conquistada em Paris Inês Geraldo - RTP

No velódromo nacional de Saint-Quentin-en-Yvelines, Portugal voltou a ser feliz. Longe do centro de Paris, Iúri Leitão foi inteligente e metódico e naquilo que considerou ser uma corrida “praticamente perfeita” conquistou a segunda medalha para a comitiva olímpica portuguesa.

Reconheço que não estava a par de como decorria uma prova de Omnium. Não estava a par das quatro provas e de como eram disputadas. Pois, nada melhor do que ter Iuri Leitão a explicar.

O ciclista de 26 anos chegou a Paris com pergaminhos e soube empolgar os portugueses que estiveram no velódromo, dominado por franceses que apoiavam o atleta da casa Benjamin Thomas.

Confesso que estando no local não vi a primeira prova, mas a confiança nas qualidades de Iúri por parte dos colegas que acompanhei ao velódromo foi o suficiente para subir e ver a incrível pista onde dezenas de atletas competiram.A primeira prova correu bem, a segunda não foi tão boa mas os indicadores estavam lá.

Chegado à terceira prova, Iúri Leitão estava no terceiro lugar e foi impossível não criar expectativas de um bom resultado. O atleta português mostrava estar em boa forma e saber quais os momentos certos para atingir resultados.

A terceira prova foi vista a partir das bancadas e depois de eliminado (e do sétimo lugar), Iúri manteve-se no terceiro lugar. Lutar contra o ciclista da casa foi difícil mas uma grande prestação na quarta e última prova levou Iuri a subir ao segundo lugar e a segurar o lugar com unhas e dentes.

Mesmo sendo jornalista, foi difícil conter o entusiasmo e a felicidade de ver um português no maior palco desportivo do mundo a ter sucesso. Corri à volta da pista para tentar encontrar a família de Iuri e ter sua reação à prata.

Não consegui, mas pelo caminho encontrei muitos portugueses dispostos a mostrar a felicidade pela conquista do ciclista de 26 anos. Todos mostraram a bandeira com orgulho e gritaram pelo atleta.

Numa autêntica bolha de pressa tentei mostrar a festa portuguesa no velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines e pouco depois acredito ter tido um dos melhores momentos da minha carreira enquanto jornalista.

Consegui estar na zona mista, a fotografar o medalhado português, ao lado de outros jornalistas que há muito fazem isto. Perdendo a vergonha ou o medo do grande palco, esperei pelo fim da entrevista e chamei-o.

“Iúri para a RTP Notícias. Mostra a medalha para umas fotos nas nossas redes sociais”. Sem hesitação e com muita simpatia, Iúri Leitão posou, feliz, com a medalha de prata na mão.

Pode parecer pouco e, porventura, até será. No entanto, para mim, ali estava eu naquela zona mista a conseguir fotografar de perto a 30ª medalha portuguesa em Jogos Olímpicos. Um pedaço de história do desporto português que tive a oportunidade de ver com os próprios olhos.
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