Covid-19. No Xico Andebol, voltou-se a tocar na bola para "libertar a mente"

por Lusa

Os escalões de formação do Xico Andebol voltaram a treinar na segunda-feira e um dos cerca de 200 atletas das camadas jovens do emblema de Guimarães, Francisco Pereira, vê o regresso como uma oportunidade de "libertar a mente".

Após 13 meses de paragem, devido à pandemia de covid-19, as equipas de formação das modalidades de médio risco, entre as quais o andebol, regressaram aos treinos em espaços fechados e, para o juvenil, de 15 anos, a ocasião permite-lhe voltar a "estar com os amigos" e "não pensar nos maiores problemas".

"Este desporto consegue-me tirar tudo da cabeça. Posso ter um dia horrível, mas o andebol consegue-me libertar a mente. Sinto-me completamente livre e faço o que quero com a bola", descreveu à Lusa o atleta, equipado de azul e amarelo, enquanto aguardava pelo regresso dos treinos no pavilhão do clube, ao final da tarde.

Incapaz de pensar "noutra coisa" que não o andebol enquanto treina, Francisco Pereira assumiu que o segundo confinamento, entre janeiro e abril, foi "uma fase dura", com muitos colegas "desmotivados" por estarem limitados a treinos 'online', "maioritariamente físicos", sem possibilidade de tocar numa bola.

"Foi um processo complicado para todos, como clube. É complicado não ter a bola na mão, estar em casa. Não é a coisa mais motivadora fazer o exercício físico por si, sem a bola, mas estivemos sempre com esperança de voltar", afirmou o ponta-esquerda.

Incapaz de usufruir de "tanto equipamento" como o disponível no ginásio do Xico, clube cuja equipa sénior masculina compete na II Divisão nacional, Francisco Pereira foi tentando manter a forma física, mas reconheceu que, em sete anos de andebol, nunca teve tantas dificuldades em motivar-se para a prática da modalidade.

"Tinha de estar mais focado por exemplo na escola e era mais complicado para me focar. Mesmo não estando muito motivado, tentei sempre aparecer aos treinos, porque podia perder o 'bichinho'", disse, sem ainda saber se vai ter competição na presente época.

Também de regresso ao pavilhão, o treinador Pedro Fernandes, responsável pelos 'bambis' e 'minis' do Xico Andebol - crianças dos quatro aos 11 anos -, frisou que o trabalho motivacional junto desses escalões foi essencial para garantir o regresso dos atletas.

"Criámos uma plataforma só nossa em que podíamos ir comentando. Às vezes, púnhamos jogadas de andebol, também para eles verem outros exemplos da modalidade. Fazíamos treinos, fazíamos vídeos divertidos, fazíamos uma série de coisas para os manter ligados um bocadinho uns aos outros, ao treinador e ao clube", disse, enquanto os seus pupilos 'brincavam' com a bola.

Mesmo reconhecendo "alguma desmotivação" nas sessões à distância, Pedro Fernandes salientou que os cerca de 30 atletas a seu cargo regressaram "cheios de saudades de brincarem com os amigos" e de "se divertirem um bocadinho", tendo enaltecido o contacto entre o Xico Andebol e os pais para a retoma se dar praticamente sem perdas de atletas.

"O clube também criou essa segurança logo a partir do primeiro confinamento, com as medidas implementadas no pavilhão. Os pais sentiram isso. Por isso é que eles regressam com naturalidade. Não há nenhuma barreira, porque sabem que iremos ser cumpridores e cumprir as regras", disse.

Ciente de que os atletas estão num "período de ouro da aprendizagem motora", o técnico exprimiu a convicção de que os 'bambis' e os 'minis' podem "recuperar" os índices físicos ideais, se "expostos a um processo de treino rigoroso e sistemático".

O Xico Andebol regressou aos treinos em espaço fechado na segunda-feira, mas já está a trabalhar em grupos de quatro elementos desde 05 de abril, após ter montado um espaço no exterior do pavilhão, com uma baliza e as marcações das áreas de andebol, explicou o diretor da formação do clube, Mauro Fernandes.

O responsável admitiu, no entanto, que ver os jovens da formação "sorridentes" a voltarem aos treinos de conjunto é uma "sensação fantástica" e um "alívio", quer para os atletas, quer para os pais.

Para Mauro Fernandes, o principal desafio que se segue é o de mitigar as "diferenças abismais" entre os níveis físicos entre os atletas que "tinham mais capacidade de treinar em casa" e aqueles que tinham menos, para que todos possam apresentar os "níveis [físicos] que se preveem para a competição".

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