Cavendish conquista 34.ª triunfo e iguala recorde de Merckx

por Lusa
O ciclista de 36 anos impôs-se pela quarta vez nesta edição Reuters

O britânico Mark Cavendish (Deceuninck-QuickStep) igualou hoje o belga Eddy Merckx como recordista de vitórias em etapas na Volta a França, ao conquistar ao `sprint` o 34.º triunfo na prova, na 13.ª tirada da 108.ª edição.

O ciclista da Ilha de Man, de 36 anos, impôs-se pela quarta vez nesta edição no final dos 219,9 quilómetros entre Nîmes e Carcassonne, com o tempo de 05:04.29 horas, diante do seu companheiro dinamarquês Michael Morkov, segundo, e do belga Jasper Philipsen (Alpecin-Fenix), terceiro, e empatou em número de vitórias com Merckx, que detinha o recorde a solo desde 1975.

O dia histórico de `Cav` não causou alterações na geral, liderada pelo esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), com 05.18 minutos de vantagem sobre o colombiano Rigoberto Úran (EF Education-Nippo), segundo, e 05.32 sobre o dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), terceiro.

No sábado, a 14.ª etapa vai percorrer 183,7 quilómetros acidentados entre Carcassonne e Quillan, que incluem três contagens de montanha de segunda categoria.

Tour: A longevidade de Cavendish equiparou-o ao "Canibal" Merckx

Mark Cavendish valeu-se de uma longevidade admirável para juntar-se a Eddy Merckx na galeria de recordes da Volta a França, conquistando as suas 34 vitórias durante 13 anos, enquanto o ciclista belga o fez em apenas seis edições.

Tudo começou para o britânico de 36 anos em Châteauroux, palco do segundo dos seus quatro triunfos nesta edição do Tour: naquela tarde de 09 de julho de 2008, o então jovem ciclista da Team Columbia vivia o primeiro episódio de glória na corrida à qual, nas suas palavras, dedicou a vida, batendo o espanhol Oscar Freire e o alemão Erik Zabel, verdadeira ‘realeza’ do ‘sprint’, ambos já retirados.

A lenda de Cavendish (Deceuninck-QuickStep) continuou a crescer e, nessa segunda participação na Volta a França, o miúdo da ilha de Man regressou a casa com quatro etapas, um número que haveria de superar no ano seguinte.

Entre as seis vitórias de 2009, destaca-se a primeira de quatro consecutivas na chegada do Tour aos Campos Elísios – foi o primeiro e único ciclista a fazê-lo -, a ‘cereja no topo do bolo’ daquela que foi a mais profícua das suas incursões na ‘Grande Boucle’.

Nas duas edições seguintes, ergueu os braços em cinco ocasiões, juntando-se ainda, em 2011, à festa dos vencedores, no pódio final, como vencedor da classificação por pontos, vestindo a camisola verde que transporta igualmente neste Tour – e que, se continuar a escapar ao fecho do controlo, será sua em Paris, tal é a diferença para a concorrência.

Apesar de ter voltado a triunfar nos Campos Elísios, 2012 não foi o melhor ano para ‘Cav’, ‘abandonado’ à sua sorte por uma Sky obcecada em tornar Bradley Wiggins no primeiro britânico a ganhar a Volta a França – a missão principal da equipa foi bem sucedida, mas o ‘sprinter’ teve de contentar-se com ‘apenas’ três etapas.

A temporada seguinte, a inaugural da sua primeira passagem pela QuickStep (então na versão Omega Pharma), foi ainda menos produtiva, com apenas duas etapas, uma realidade que não conheceu melhorias em 2014, quando abandonou à segunda etapa, depois de cair na primeira.

Em Fougères, onde este ano celebrou no final da quarta etapa, conquistou há seis anos o derradeiro triunfo com as cores da equipa belga, antes de mudar-se para a Dimension Data e de regressar a números mais redondos, com quatro etapas em 2016.

Seguiram-se quatro anos para esquecer no Tour: em 2017, foi derrubado por Peter Sagan no ‘sprint’ da quarta etapa e teve de abandonar, em 2018, fragilizado pelo vírus Epstein Barr desistiu, e nas duas edições seguintes nem foi convocado pela Dimension Data e pela Bahrain-McLaren – um cenário que quase se repetiu este ano, uma vez que foi chamado à última hora, uma semana antes do arranque da prova, para substituir o irlandês Sam Bennett, vencedor da regularidade na passada edição.

Assim, o eterno e distante recorde de Merckx parecia intocável, tão intocável que o antigo corredor belga reagiu mal à aproximação do experiente ‘sprinter’ da ilha de Man, com uma série de declarações infelizes nas quais recorda que ‘Cav’ nunca ganhará cinco Voltas a França ou andará 96 dias de amarelo.

Mas o competitivo ‘Canibal’ poderá ainda argumentar que precisou de menos participações para chegar às 34 etapas. No seu caso, o idílio iniciou-se no Balão da Alsácia, onde conquistou a primeira das seis vitórias da edição de 1969 da ‘Grande Boucle’, a da sua estreia.

Merckx beneficiou, contudo, de um maior número de tiradas, muitas vezes divididas entre matutinas e vespertinas (inscritas nos livros como A e B), para construir o seu pecúlio: em 1970, foram oito, de um total de 23, cinco das quais subdivididas.

No ano seguinte, o belga celebrou em quatro ocasiões, um número que ascendeu a seis em 1972 (entre elas, duas matutinas e uma vespertina), e igualou a melhor performance de sempre em 1974.

Foram oito os triunfos do belga nessa edição, a da sua quinta e última amarela final na Volta a França – venceu a prova em 1969, 1970, 1971, 1972 e 1974 -, um número que caiu abruptamente no ano seguinte (foram duas as etapas ganhas), quando foi segundo atrás de Bernard Thévenet.

Aquele que é considerado o melhor ciclista de todos os tempos ainda voltou ao Tour em 1977, mas saiu dessa edição sem vitórias, colocando um ponto final na sua carreira na temporada seguinte, com apenas 33 anos.

 

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