Os Estados Unidos, mesmo sem uma boa parte das suas vedetas, foram os grandes dominadores dos Mundiais de atletismo em pista curta, em Nanjing, onde Portugal teve uma prestação positiva, sobretudo pela medalha de Patrícia Silva.
Com efeito, o total de medalhas dos Estados Unidos é mais do que a soma de Noruega, Etiópia e Grã-Bretanha, os países que se seguem. A mesma vantagem avassaladora acontece no quadro de pontos, mas aqui face a Austrália, Etiópia e China.
A Noruega, única com três ouros (dois de Jakob Ingebrigtsen e um de Sander Skotheim, hoje no heptatlo), fica em segundo lugar no 'medalheiro', mas é a Austrália a segunda nação com mais medalhas, tendo chegado hoje às sete.
Estes Mundiais, que se deviam ter disputado em 2020 mas foram sucessivamente adiados, primeiro, devido à covid-19, e, depois, por falta de calendário, acabaram por se realizar duas semanas após os Europeus Apeldoorn2025, o que ditou a ausência de vários campeões do 'velho continente' ou a presença em momento de forma menos bom.
Ao invés, os australianos, que estão em plena época de verão, apresentaram-se ao mais alto nível, bem como os norte-americanos, com várias 'segundas linhas' a terem uma ocasião soberana para brilhar.
A nível individual, o triplo sucesso mundial de Grant Holloway, nos 60 metros barreiras, e de Armand Duplantis, no salto com vara, são grandes feitos, tal como a 'dobradinha' de Jakob Ingebrigtsen, nos 3.000 metros e nos 1.500.
O norueguês repete a dupla vitória de há duas semanas, em Apeldoorn, continua 'intratável', mesmo que para Nanjing os melhores africanos, norte-americanos e britânicos tenham optado por evitar o confronto.
Um exemplo claro do cansaço dos europeus foi hoje dado pela mediática ucraniana Yaroslava Mahuchikh, recordista mundial da altura, batida pelas australianas Nicola Olyslagers (que manteve o título) e Eleanor Patterson, que saltaram 1,97 metros, mais dois centímetros do que a europeia.
No comprimento e face à ausência da favorita, a alemã Malaika Mihambo, o ouro foi para a norte-americana Claire Bryant com 6,96 metros, com a suíça Annik Kalin a três centímetros.
Outra prova sem o favorito foi o lançamento do peso - sem o recordista Ryan Crouser, dos Estados Unidos, o concurso caiu para o neozelandês Tom Walsh, com 21,65 metros, mais três centímetros do que o norte-americano Roger Steen.
Por escassos três centímetros se ordenou o pódio do salto em comprimento masculino, com o italiano Mattia Furlani (8,30) a superar o jamaicano Wayne Pinnock (8,29) e o australiano Liam Adcock (8,28).
O português Gerson Baldé esteve na final e foi oitavo, com 8,03 metros, sendo o terceiro melhor europeu na classificação, atrás do grego Miltiadis Tentoglou, medalha de ouro em Tóquio2020 e Paris2024 e bicampeão do mundo 'indoor' em título, que não foi além do quinto posto, com 8,14.
Em dia de quatro finalistas lusos, a melhor foi Patrícia Silva, que arrancou a medalha de bronze nos 800 metros, em 1.59,80 minutos, novo recorde nacional, pela primeira vez abaixo dos 2.00,00. Melhor do que ela, só duas africanas, a sul-africana Prudence Sekgodiso (1.58,40) e a etíope Nigist Getachew.
Nos 1.500 metros masculinos, Isaac Nader tentou acompanhar a arrancada de Ingebrigtsen (vencedor em 3,38,79) mas fraquejou e repetiu o quarto lugar de Glasgow2024, ultrapassado pelo britânico Neil Gourley e pelo norte-americano Luke Auser.
No setor feminino, Salomé Afonso foi 'vítima' do andamento fortíssimo, logo de início, da etíope Guduf Tsegay, que com 3.54,86 ameaçou o recorde do mundo. A Etiópia fez 'dobradinha', através de Diribe Welteji.
Ainda assim, ao ser oitava, Salomé foi a segunda melhor europeia em prova.
Josh Hoey, dos Estados Unidos, é o novo campeão dos 800 metros, com as estafetas do mesmo país a triunfarem, sem grande oposição, nos 4x400 metros.
Nos 60 metros barreiras, a campeã é Devyne Charlton, das Bahamas (7,72).