Depois da contratação do jogador brasileiro pelo Paris Saint-Germain, que pagou 222 milhões de euros ao Barcelona, a pergunta que muitos colocam é: vale esse dinheiro? O PSG vai alguma vez recuperar o investimento? Provavelmente não. Mas para avaliar este negócio é preciso olhar com atenção para uma realidade que ganha cada vez mais força no mundo do futebol. E que está relacionada com o mundo digital, com as redes sociais.
Em campo não há dúvida de que estamos perante um dos melhores jogadores do mundo. É novo, ainda tem uma longa carreira pela frente, e já provou que pertence à elite dos atletas de futebol. A par, por exemplo, de Cristiano Ronaldo e Messi.
Mas um jogador leva uma equipa aos títulos? Não. Sozinho não. O que terá então levado o Paris Saint-Germain a pagar 222 milhões pelo brasileiro?
Em primeiro lugar foi a forma mais rápida de colocar o clube no pequeno grupo de equipas com impacto mundial. O Real Madrid, o Barcelona ou o Manchester United já lá estão. O PSG não estava. Entrou agora.
De um dia para o outro o clube francês é falado em todo o mundo. Foi Neymar que tornou isso possível. Porquê?
Basta olhar para duas contas de Neymar (que não a do banco): Facebook e Instagram.
No Instagram, Neymar tem mais de 79 milhões de seguidores. Uma simples fotografia que colocou com a camisola do PSG - e lá estavam os patrocinadores oficiais do clube - teve mais de dois milhões e meio de gostos. No Instagram, Neymar tem mesmo mais seguidores do que a Nike. A marca anda lá próximo, com cerca de 73 milhões de seguidores, mas não chega ao número de Neymar.
No Facebook o fenómeno é idêntico. A página de Neymar é seguida por 60 milhões de pessoas. A Nike, uma vez mais em comparação, tem cerca de 29 milhões.
No mundo do futebol só Cristiano Ronaldo consegue superar estes números.
E por que é que isto é importante? Já acontece, mas o impacto da publicidade, direta e indireta, vai passar, nos próximos tempos, cada vez mais pelo digital, pelas redes sociais.
Neymar sabe isso. O PSG também.
Se olharmos até para a forma como o futebol é consumido nos dias de hoje, em canais premium dependentes de uma subscrição paga, facilmente se percebe que cada vez menos pessoas têm contacto com as transmissões dos jogos. Ou seja, a publicidade tem que encontrar alternativas para atingir mais pessoas. O truque, digamos assim, está nas redes sociais.
O mundo digital terá ainda mais força quando empresas como a Amazon ou o Facebook tomarem o lugar das televisões.
Ainda recentemente, por exemplo, foi anunciado que a Amazon comprou os direitos de transmissão do circuito ATP de ténis no Reino Unido. A Sky perdeu esse jogo.
O Facebook continua a querer entrar em força no mundo do vídeo. Já transmitiu em direto, por exemplo, os treinos das seleções nacionais durante o europeu de futebol. E espera-se que possa reforçar essa presença com a compra de direitos desportivos.
Perante isto, a Google, com o YouTube, também vai ter que marcar espaço.
Quando a guerra dos direitos das transmissões desportivas passar de vez para este campo, alguma televisão terá força financeira para fazer frente? Duvido.
É por este campo, do digital, que as transmissões de deporto vão passar nos próximos anos.
O PSG sabe isso. Neymar também. E já estão a ganhar.