O presidente ucraniano participa esta quinta-feira na 25ª reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, que junta os principais aliados de Kiev na Alemanha para discutir formas de apoio ao país no combate à invasão russa. Volodymyr Zelensky tentará assegurar apoios, neste último encontro antes da tomada de posse de Donald Trump, que ainda não garantiu a continuidade do apoio financeiro para ajudar as forças ucranianas.
A reunião irá decorrer a poucos dias da tomada de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, a 20 de janeiro. Donald Trump prometeu acabar rapidamente com a guerra de quase três anos entre a Rússia e a Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.O encontro entre os principais aliados de Kiev acontece na Base Aérea norte-americana de Ramstein, situada no sudoeste da Alemanha, sendo presidida pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e pelo chefe do Estado-Maior Conjunto norte-americano, general Charles Q. Brown, Jr. O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, também estará presente.
Zelensky minimizou ainda as preocupações sobre os comentários de Trump quanto à entrada da Ucrânia na NATO e alertou que não se devia fazer suposições sobre a posição dos EUA.
"Não podemos tirar conclusões sobre a política dos EUA já", disse Zelensky, o vídeo diário divulgado nas redes sociais. "Temos de trabalhar e fazer todo os possíveis para garantir que a Ucrânia recebe garantias de segurança decentes, dignas do nosso povo, que possam parar Putin. Trabalharemos nisso”.
Trata-se da última reunião deste tipo antes da tomada de posse do presidente eleito dos EUA, que já manifestou várias vezes o ceticismo em relação à continuação da ajuda de Washington à Ucrânia. E , por isso, Lloyd Austin reforçou que a liderança dos Estados Unidos na ajuda à Ucrânia para combater a invasão russa é de “fundamental importância”, assim como a continuação dessa ajuda.
“Não nos limitámos a pedir aos países que fornecessem ajuda em matéria de segurança. Mostrámos-lhes o caminho em cada caso, no que diz respeito à quantidade de assistência na área da segurança que fornecem e à rapidez com que essa assistência foi enviada”, declarou o secretário da Defesa, antes de embarcar para a Alemanha.
Antes da última reunião do género que presidirá, Lloyd Austin considerou ainda que é “realmente importante para toda a coligação continuar a fornecer ajuda militar à Ucrânia”.
“Os Estados Unidos têm estado na linha da frente deste esforço, e esperamos que continuem a fazê-lo, porque ainda não acabou”.
O Governo de Joe Biden, prestes a cessar funções, tentou fornecer o máximo de ajuda possível à Ucrânia antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca, considerando as críticas do presidente eleito a essa ajuda, assim como as intenções para obrigar Moscovo e Kiev a um cessar-fogo – declarações de Trump que alimentaram o receio, na Ucrânia e entre os aliados europeus de Kiev, sobre a capacidade do Exército ucraniano para enfrentar o Exército russo se deixar de ter o apoio norte-americano.
Segundo o presidente ucraniano, dezenas de países parceiros irão participar na reunião, incluindo os que podem contribuir para o aumento das capacidades de defesa da Ucrânia, incluindo o ministro da Defesa Nacional português, Nuno Melo.
Trump tem de garantir que Rússia não volta a atacar
Também o secretário de Estado dos EUA defendeu, na quarta-feira em Paris, um potencial acordo para pôr termo à guerra na Ucrânia. Numa conferência de imprensa com homólogo francês, Antony Blinken afirmou que qualquer acordo tem de incluir um mecanismo de dissuasão que impeça a Rússia de lançar futuramente novos ataques ao país vizinho.
Segundo Blinken, tal mecanismo poderá assumir diferentes formas, entre as quais uma “linha de demarcação ou de cessar-fogo” que seja monitorizada por outros países.
“O próximo Governo [norte-americano] terá de decidir, se isso acontecer, que papel, se algum, terão os Estados Unidos”, declarou, referindo-se à ida em breve para a Casa Branca de Donald Trump, que tem repetidamente insistido num fim rápido do conflito.
Para o chefe da diplomacia norte-americana cessante, o Governo de Trump vai querer assegurar “o melhor acordo possível” e isso significa um pacto que “inclua uma verdadeira dissuasão para a Rússia”, para impedir que proceda a nova agressão. Blinken acredita que Putin “não desistiu nem desistirá das suas ambições imperialistas” e, em caso de cessar-fogo, quererá utilizar o tempo de suspensão dos combates para recuperar, reequipar-se e “eventualmente atacar de novo”.
O secretário de Estado norte-americano vincou que o Governo do democrata Joe Biden, do qual faz parte, tem estado a trabalhar para que a Ucrânia comece 2025 “numa posição de força”, tanto no caso de continuação dos combates com a Rússia como em caso de negociações e de um cessar-fogo.
De acordo com as declarações de Blinken, Biden continuará a apoiar a Ucrânia “até ao último dia” da sua presidência e mostrou-se confiante em que os aliados continuarão igualmente a fazê-lo.
Espera-se que os EUA anunciem um novo pacote de ajuda militar, no valor de 500 milhões dólares, após a reunião desta quinta-feira na Alemanha.