O Presidente ucraniano reuniu-se hoje com representantes do Congresso norte-americano e do Pentágono em Washington, levando uma mensagem otimista sobre o decurso da guerra, enquanto enfrentou novas questões sobre o apoio financeiro e militar a Kiev.
Volodymyr Zelensky teve uma receção muito mais tranquila do que as boas-vindas de herói que lhe foram oferecidas na visita realizada no ano passado, mas também comentários geralmente favoráveis sobre a ajuda de que diz precisar para evitar a derrota face à invasão russa, segundo a descrição da agência Associated Press (AP).
Vestido com o habitual traje verde-tropa, o líder ucraniano chegou ao Capitólio levando uma mensagem firme nas conversações privadas com líderes republicanos e democratas: os ucranianos têm um plano de guerra sólido e "estão a ganhar", assegurou aos legisladores norte-americanos, de acordo com o que relataram à AP, numa altura em que o mundo está atento ao apoio ocidental a Kiev.
Zelensky também conversou com líderes militares no Pentágono, onde foi cumprimentado pelo secretário da Defesa, Lloyd Austin, sem a habitual banda cerimonial ou fanfarra típica de uma visita de alto nível, antes do encontro previsto para hoje com o homólogo dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca.
A AP refere que, no Congresso, os líderes republicanos pressionaram-no em relação à contraofensiva da Ucrânia para retomar território ocupado pelas forças invasoras russas, à medida que a guerra se aproxima da marca de dois anos sem grandes avanços territoriais nas linhas fortemente defendidas da Rússia.
Zelensky "admitiu que é difícil, muito difícil superar defesas entrincheiradas", disse o senador independente Angus King. "Eles [ucranianos] acreditam que farão um progresso lento, mas constante".
O presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, que enfrenta oposição no apoio à Ucrânia entre seguidores alinhados com o ex-presidente Donald Trump, optou por não se juntar à saudação ao líder ucraniano perante as câmaras, o que deixou campo aberto para o líder democrata do hemiciclo, Hakeem Jeffries, escoltá-lo para o Capitólio.
Mas o congressista republicano Mike Turner, presidente da Comissão de Informações da Câmara, disse que Zelensky, na sua reunião com legisladores, "deu detalhes sobre a ofensiva que foram muito positivos e as suas metas e objetivos de longo prazo. As pessoas na sala apreciaram e apoiaram".
Falando aos jornalistas após a reunião, o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros, Michael McCaul, minimizou a dissidência republicana sobre a manutenção do apoio à Ucrânia com verbas e armamento, comentando: "A maioria apoia isto".
No entanto, McCaul sublinhou que os legisladores precisam de confiança de que existe uma estratégia clara para a vitória.
"A guerra de desgaste não vai vencer isto", disse McCaul. "É isso que [o Presidente russo, Vladimir] Putin quer", declarou, acrescentando: "Ele quer quebrar a vontade do povo americano e dos europeus".
É a segunda visita de Zelensky a Washington desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e ocorre num momento em que o pedido de Biden ao Congresso de mais 24 mil milhões de dólares (22,5 mil milhões de euros) para as necessidades militares e humanitárias da Ucrânia está em jogo.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, chamou o Presidente ucraniano de "melhor mensageiro" da Casa Branca para persuadir os legisladores dos Estados Unidos a manterem as remessas de verbas e de armas vitais para Kiev.
"É realmente importante que os membros do Congresso possam ouvir diretamente do Presidente o que ele está a enfrentar nesta contraofensiva", disse Kirby aos jornalistas na quarta-feira, "e como ele está a alcançar os seus objetivos e o que ele precisa para continuar a alcançá-los".
O ambiente político mudou desde que Zelensky discursou no Congresso em dezembro passado, na sua primeira viagem ao estrangeiro desde o início da guerra. Na altura, foi recebido com aplausos entusiasmados pela coragem do seu país e pelo desempenho surpreendentemente forte na guerra.
A reunião hoje com os senadores ocorreu à porta fechada na antiga câmara do Senado, um local histórico, intimista e importante no Capitólio, significando o respeito que o Senado está a demonstrar ao líder ucraniano.
O líder da minoria republicada, Mitch McConnell, e o líder da maioria democrata, Chuck Schumer, ladearam-no quando entrou. Alguns legisladores de ambos os partidos usavam roupas em azul e amarelo, as cores da bandeira ucraniana.
O democrata Steny Hoyer, que participou na reunião da Câmara com Zelensky, disse que Kevin McCarthy, que anteriormente tinha feito um anúncio inflamado de que iria cobrar de Zelensky explicações sobre as verbas despendidas por Washington, não fez promessas, mas afirmou que republicanos e democratas estavam unidos no apoio à Ucrânia.
"Acho que a mensagem não era necessariamente uma promessa, mas uma determinação para garantir que poderíamos ajudar a Ucrânia a vencer esta guerra pela liberdade e por todos nós", comentou Hoyer.
Após a visita ao capitólio, o líder ucraniano disse que contava com o "apoio constante" dos Estados Unidos face à invasão russa, segundo um comunicado de imprensa da Presidência.
"Para vencer, devemos permanecer unidos. E vencer juntos. Contamos convosco, com o vosso apoio constante", declarou Zelensky, citado neste comunicado de imprensa após a sua reunião com representantes-norte americanos.