O presidente da Ucrânia faz esta quinta-feira uma intervenção, por videoconferência, perante a Assembleia da República. Numa sessão que não contará com a presença do PCP, Volodymyr Zelensky deverá renovar o pedido de apoio ao esforço de defesa contra a invasão russa e às aspirações europeias do seu país.
Além do presidente da República, do presidente da Assembleia da República, do primeiro-ministro, dos presidentes dos principais tribunais, antigos chefes de Estado, deputados e eurodeputados, estão incluídos nos convites outras altas entidades, nomeadamente a procuradora-geral da República, a provedora de Justiça, os chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas e dos três ramos, assim como representantes da República para as regiões autónomas dos Açores e da Madeira ou os presidentes dos governos regionais.
"O PCP não participará numa sessão da Assembleia da República concebida para dar palco à instigação da escalada da guerra, contrária à construção do caminho para a paz, com a participação de alguém como Volodymyr Zelensky, que personifica um poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi, incluindo de caráter paramilitar, de que o chamado Batalhão Azov é exemplo", declarou o partido.
Marcarão igualmente presença nesta sessão a ministra da Defesa, Helena Carreiras, a ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, em representação do ministro João Gomes Cravinho, infetado com covid-19.
Foram também endereçados convites à embaixadora da Ucrânia e outros representantes da comunidade ucraniana em Portugal, designadamente membros de associações e de escolas, bem como representantes de entidades religiosas da comunidade ucraniana em Portugal.
A embaixadora da Ucrânia em Portugal revela que foram remetidas de Lisboa algumas sugestões para o discurso de Volodymyr Zelensky. Inna Ohnivets explicou na última noite que o presidente ucraniano vai abordar as relações bilaterais e destacar alguns momentos da história dos dois países, nomeadamente na luta pela independência e pela liberdade.
Apoio militar
A 24 de fevereiro de 2022, primeiro dia da invasão russa da Ucrânia, a classe política portuguesa, à exceção do PCP, condenou "de forma veemente" a "ação militar russa" que, nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, configurou uma "violação ostensiva e flagrante do direito internacional". A 26 de fevereiro, o Governo anunciou o envio de coletes, capacetes, óculos de visão noturna, entre outros materiais, a imposição de sanções económicas à Rússia no quadro da União Europeia e a disponibilização de vistos humanitários para refugiados ucranianos.
Três dias após o início da guerra, em conversa telefónica com o presidente português, Zelensky agradeceu o encerramento do espaço aéreo português aos aviões russos, "o apoio à retirada da Rússia do SWIFT e o apoio concreto a nível da defesa".
"Portugal forneceu armas, equipamentos de proteção individual, entre outros, à Ucrânia. Juntos somos mais fortes", escreveu o presidente ucraniano no Twitter.A 8 de abril, Marcelo reconhecia que não havia falado recentemente com o homólogo ucraniano. A posição do Governo português quanto à adesão ucraniana à União Europeia abrandara a aproximação.
A 10 de março, à entrada para a cimeira de Versalhes, António Costa sustentou que a adesão não era o que a Ucrânia "hoje precisa", devido à morosidade e imprevisibilidade do processo.
Zelensky avaliou individualmente cada uma das posturas dos 27 líderes europeus durante o Conselho Europeu de 24 de março. Quanto à posição de Portugal, foi curto: "Bem, está quase".
No dia seguinte, a embaixadora ucraniana em Portugal, Inna Ohnivets, em entrevista à Rádio Renascença, reforçou as palavras do Presidente, afirmando que a Ucrânia estava à espera de "uma posição mais ativa do Governo português" sobre a matéria.
c/ Lusa
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