O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje que o seu país precisa de uma vitória sobre a Rússia "no campo de batalha", antes de qualquer negociação de paz.
"A vitória deve ser sobretudo no campo de batalha", disse o Presidente, numa entrevista ao jornal britânico Financial Times, repetindo que o seu país precisa de, pelo menos, "tantas armas quantas as que os russos possuem".
"Por agora, não podemos avançar de forma vigorosa" sem sofrer grandes perdas, sublinhou Zelensky, pedindo aos aliados ocidentais para fornecerem mais armas ao seu país.
Questionado sobre o que a Ucrânia consideraria uma "vitória" nesta guerra, Zelensky defendeu que o regresso à situação anterior à invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro, seria "uma séria vitória provisória", antes do final da ocupação do país.
A anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, em 2014, foi seguida por um confronto com separatistas pró-russos apoiados por Moscovo, que assumiram o controlo de grandes áreas do leste do país, antes do início da invasão russa.
Sobre as negociações com a Rússia, interrompidas desde final de março, o Presidente ucraniano argumentou que "não mudou" a sua posição sobre o facto de que "toda a guerra deve ser encerrada na mesa de negociações".
"Estou pronto para conversações diretas com (o Presidente russo, Vladimir) Putin, goste ou não. Mas apenas se servir para colocar um fim à guerra, não apenas para `blabla`. Estou preparado para isso. Acredito que não há mais ninguém com quem conversar na Rússia", concluiu Zelensky.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de quase 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 4.253 civis morreram e 5.141 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 104.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.