Zelensky apresenta "Plano de Vitória" sem ter apoio incondicional dos aliados
O presidente da Ucrânia apresentou esta quarta-feira ao Parlamento ucraniano os pormenores do "Plano de Vitória" na guerra contra a Rússia, depois de ter apresentado o documento a alguns dos principais aliados ocidentais a fim de convencê-los a tomar as medidas delineadas por Kiev para derrotar Moscovo. No seu discurso, Volodymyr Zelensky rejeitou a possibilidade de ceder território à Rússia ou aceitar um "congelamento" na linha da frente e destacou que "a Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia".
Na véspera de viajar para Bruxelas onde vai apresentar o seu plano no âmbito do Conselho Europeu, que decorre esta quinta e sexta-feira, Zelensky desvendou a estratégia para continuar a fazer avanços no terreno contra as forças russas e "forçar a Rússia a participar numa cimeira de paz e estar pronta para acabar com a guerra", que começou em fevereiro de 2022.
O presidente ucraniano instou os seus aliados ocidentais - sobretudo a União Europeia e os Estados Unidos - a levantar as restrições ao uso de armas de longo alcance contra a Rússia "em todo o território da Ucrânia ocupada pela Rússia e no território russo".
"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um "congelamento". Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", disse Zelensky.
"A Rússia vai perder a guerra contra a Ucrânia. Não pode haver um "congelamento". Não pode haver qualquer troca relativamente ao território da Ucrânia ou à sua soberania", disse Zelensky.
Além disso, o líder ucraniano também defendeu a introdução de meios de dissuasão não nucleares no seu país para o "proteger de qualquer ameaça militar da Rússia", indicando que este ponto foi especificado num "anexo secreto" do Plano de Vitória que foi antecipadamente apresentado aos EUA, Reino Unido, França, Itália e Alemanha.
"A Ucrânia propõe a instalação no seu território de um conjunto completo de medidas estratégicas de dissuasão não nucleares, que serão suficientes para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar da Rússia", afirmou.
"A Ucrânia propõe a instalação no seu território de um conjunto completo de medidas estratégicas de dissuasão não nucleares, que serão suficientes para proteger a Ucrânia de qualquer ameaça militar da Rússia", afirmou.
O Kremlin já reagiu às declarações de Volodymyr Zelensky e rejeitou o Plano de Vitória apresentado ao Parlamento ucraniano, considerando que a Ucrânia "precisa de acordar". "O único plano de paz possível é que o regime de Kiev compreenda que a sua política não tem perspetivas e que precisa de acordar", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa.
Convite da NATO era "fundamental" mas adesão imediata está afastada
A adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) é um dos principais pontos que consta no Plano de Vitória de Kiev, apresentado por Volodymyr Zelensky, que considerou que um convite da NATO para pertencer à aliança seria fundamental.
No entanto, o secretário-Geral da NATO considerou esta tarde que é preciso discutir e analisar o Plano de Vitória mas que a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica ainda não é concretizável, numa conferência de imprensa, em Bruxelas. "A Ucrânia está mais próxima do que nunca", afirmou Mark Rutte, avançando que está prevista uma reunião do Conselho NATO-Ucrânia para "discutir as necessidade prementes".
Segundo fontes diplomáticas citadas pela agência Lusa, Zelensky vai estar presente nesta reunião que decorre quinta-feira ao final da tarde. Porém ainda não está confirmada a sua presença no encontro entre o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o homólogo francês, Emmanuel Macron, para discutir o
"Plano de Vitória".
"Na cimeira da NATO, os aliados concordaram que o caminho é irreversível, o nosso trabalho conjunto está a fazer com a que a Ucrânia esteja mais forte hoje e todo esse trabalho é uma ponte para a adesão", disse o secretário-Geral da NATO.
Questionado sobre as razões que poderiam impedir a adesão imediata de Kiev à NATO, Mark Rutte afastou a influência das ameaças do Kremlin: "Putin e a Rússia não não têm palavra ou poder de veto nisto, são os aliados que decidem quando é que vai acontecer."
Rússia apoiada por "uma coligação de criminosos"
Na conferência de imprensa, o secretário-Geral da NATO mostrou-se preocupado com o crescente apoio militar da Coreia do Norte ao esforço de guerra da Rússia contra a Ucrânia, condenando veementemente o aprofundamento da cooperação entre os dois países.
Também na sua intervenção em Kiev, o presidente da Ucrânia denunciou o apoio da Coreia do Norte, da China e do Irão à Rússia, acusando de tratar-se de uma "coligação de criminosos" liderada pelo líder russo, Vladimir Putin.
"Todos veem a ajuda que o regime iraniano dá a Putin. O mesmo se aplica à cooperação da China com a Rússia", disse, acrescentando que Coreia do Norte foi a "última aquisição".
"Todos veem a ajuda que o regime iraniano dá a Putin. O mesmo se aplica à cooperação da China com a Rússia", disse, acrescentando que Coreia do Norte foi a "última aquisição".