O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu no domingo à população pela defesa do país e quando a invasão russa completou 200 dias, ainda sem perspetivas de uma solução negociada para o conflito.
"Nestes 200 dias conseguimos muito, mas o mais importante, o mais complicado, está para chegar", afirmou o dirigente ucraniano na sua mensagem diária ao país.
Zelensky elogiou a ação do exército ucraniano, dos "combatentes que heroicamente contiveram o inimigo" e dedicou o discurso "a todos os que estiveram valentemente de pé durante 200 dias, sendo o motivo exato para que a Ucrânia esteja de pé".
"Acreditamos em vós, aos que estão a fazer o seu trabalho, a arriscar a sua vida, defendendo o seu país durante todos estes 200 dias, a - 15 graus centígrados, a + 35 graus centígrados, às 02h00 ou às 06h00, numa qualquer segunda-feira ou no Dia da Independência, apesar do cansaço, da tensão e do perigo", assinalou.
O Presidente ucraniano agradeceu individualmente às tropas terrestres pela seu "valente e desinteressado trabalho", um trabalho "duro", à Força Aérea, que felicitou por "repelir com êxito o inimigo" na região de Donetsk, e às forças navais ao recordar os seus "êxitos".
Zelensky expressou ainda satisfação pelas suas tropas, as que "escrevem a história da independência, a história da vitória, a história da Ucrânia".
A Ucrânia reivindicou um dos seus principais êxitos desde o início da guerra, quando no sábado o Ministério da Defesa anunciou que as suas tropas estavam a registar importantes avanços na região de Kharkiv. Destruição de dois mil tanques em 200 dias de guerra
Volodymyr Zelensky revelou que a Ucrânia destruiu mais de dois mil tanques, 4.500 veículos de combate blindados, 250 aviões e 200 helicópteros russos desde o início da guerra.
No seu discurso diário, quando passam 200 dias de guerra, o líder ucraniano disse que as forças armadas também tinham destruído mais de mil sistemas de artilharia, outros mil drones, 15 navios e barcos e "milhares de outras peças de equipamento inimigo", avança a agência de notícia espanhola Efe.
Zelensky anunciou ainda que o seu exército tinha retomado a estratégica cidade ucraniana oriental de Izum das forças russas, onde Kiev está a liderar uma contra-ofensiva que quebrou as linhas russas.
O Presidente agradeceu aos militares ucranianos por libertarem centenas de cidades e aldeias, "as mais recentes das quais são Balaklyaya, Izym e Kupiansk", acrescenta a agência de notícias France-Presse (AFP).
"Hoje todos veem e tomam nota" das ações do exército ucraniano "no norte, sul e leste da Ucrânia", disse Zelensky, para quem "o mundo está chocado" e "o inimigo está em pânico".
Os defensores da Ucrânia, "todos aqueles que têm estado de pé corajosamente durante 200 dias", são a razão pela qual a Ucrânia está "de pé", disse.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.
C/ Lusa