Yanukóvich / Yúschenko, OSCE critica processo

por Agência LUSA

Os observadores internacionais às presidenciais de domingo na Ucrânia, cujos resultados preliminares apontam para um empate técnico entre Victor Yanukóvich e Victor Yúschenko, denunciaram hoje irregularidades no processo eleitoral.

Segundo os observadores, esta eleição "não correspondeu em considerável medida aos padrões da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE)".

"As eleições presidenciais ucranianas deram um considerável passo atrás em comparação com as eleições parlamentares de 2002", afirmou Bruce George, representante da Assembleia da OSCE e chefe da missão de observadores de organizações europeias.

Bruce George explicou que o maior problema foi a grande mobilização dos recursos administrativos e meios de comunicação a favor do primeiro-ministro Victor Yanukóvich, em detrimento do seu opositor Victor Yúschenco.

"A nossa delegação chegou à conclusão de que na Ucrânia o processo eleitoral e o caminho para a democracia deram um passo atrás desde as eleições anteriores", indicou por seu turno Bogdan Futay, representante da organização não governamental Instituto Republicano Internacional, com sede nos Estados Unidos.

Segundo Futay, juiz de um tribunal federal dos Estados Unidos, durante a campanha eleitoral "foi evidente o emprego sistemático e coordenado dos recursos estatais a nível nacional, o que criou um clima de intimação e medo".

O objectivo dessa ingerência oficial na campanha eleitoral "era exercer pressão sobre as pessoas para que apoiassem o candidato que contava com o apoio dos órgãos de administração do Estado", acrescentou o observador.

Outro representante do Instituto Republicano Internacional e membro do parlamento britânico, Michael Tren, assinalou que "a intervenção do poder na marcha das eleições podia ser vista em todas as assembleias de voto".

Os observadores registaram numerosas irregularidades, como múltiplos erros nas listas de eleitores, "algo que nunca tinha acontecido a tal escala" e "intervenções de pessoas não autorizadas no processo de votação".

Os observadores receberam informação de que numerosos eleitores foram transportados em autocarros de uma região a outra, com o presumível propósito de votarem repetidamente.

"Chegámos à conclusão de que na Ucrânia se atropela em grande medida os padrões internacionais" no referente à limpidez das eleições", afirmou Trend.

Outro dos problemas foi que cerca de 70.000 boletins de voto tiveram de ser retirados de uso no primeiro dia da eleição devido a imprecisões na inscrição dos apelidos de vários candidatos da oposição, anunciou então a CEC.

Estas infracções registaram-se em 12 regiões ucranianas, mas acabaram por ser "corrigidas" no mesmo dia em todas as assembleias de voto afectadas, à excepção da cidade costeira de Sevastopol.

De acordo com os dados preliminares da Comissão Eleitoral Central (CEC), quando faltava escrutinar apenas cinco por cento dos votos emitidos Yanukóvich obtinha 40,12 por cento, ou seja 97 centésimos mais do que o seu rival, cifras que devem sofrer variações mínimas, mas que não alterarão já a essência do resultado.

Nestas eleições, as quartas desde que a Ucrânia proclamou a sua independência (1991), estavam em disputa 24 candidatos à presidência, procurando substituir Leonid Kuchman, no poder desde 1994.

Os dois principais candidatos, que já surgiam lado a lado nas sondagens, são o pró-ocidental Viktor Yúchtchenki, um ex-primeiro- ministro reformador de 50 anos, e o primeiro-ministro pró-russo Viktor Yanukóvitch, 54 anos, designado pelo regime actual para suceder a Kutchma, que dirige o país desde 1994.

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