O Presidente chinês, Xi Jinping, está mais interessado em consolidar o seu poder interno e a posição da China a nível internacional do que no bem estar dos cidadãos, afirmaram hoje analistas britânicos.
Questionada sobre o desempenho do chefe de Estado, no poder desde 2013, a professora de Economia Política Internacional Chinesa da Universidade de Bristol Winnie King, respondeu que "do ponto de vista do que Xi Jinping tem tentado alcançar para consolidar a sua posição e o seu poder, tem sido bastante bem sucedido".
"No que se refere às expectativas da comunidade internacional em relação à China e às expectativas iniciais quando Xi Jinping chegou ao poder, penso que ficou bastante desiludida, principalmente porque havia muita esperança de que ele trouxesse reformas e fosse muito mais liberal, o que demonstrou não ser o caso", acrescentou.
David Lubin, Investigador do Programa de Economia e Finanças Globais do centro de estudos britânico Chatham House, lamentou que Xi Jinping não esteja mais focado no bem estar das famílias chinesas, dedicando-se mais à política externa.
"Penso que, devido à forma como Xi Jinping se sente cercado geopoliticamente, a política económica está orientada para a necessidade de proteger a China do risco geopolítico. Desse ponto de vista, ele provavelmente pensa que está a sair-se muito bem, mas o bem-estar das famílias torna-se secundário", disse.
Os dois especialistas falavam durante o debate "Poderá a China continuar a prosperar com Xi?", organizado hoje pela Chatham House.
Para o empresário Desmond Shum, Xi Jinping herdou o país numa boa situação, mas, lamentou, "jogou mal e levou o país para uma trajetória completamente diferente".
"A sua visão para a China é que precisa de ser a principal potência geopolítica rival dos EUA. Ele acredita que o Partido Comunista Chinês deve ser o governante eterno da nação chinesa", referiu no mesmo evento.
Na autobiografia "Roleta Vermelha", publicada em 2021, Shum conta a sua experiência como empresário bem sucedido na China graças às ligações com alguns dos dos líderes mais poderosos do país e respetivos familiares, ao mesmo tempo que expõe a corrupção no país e no Partido.
No livro, fala sobre os negócios realizados juntamente com a agora ex-mulher, Duan Weihong, e Zhang Beili, esposa do antigo primeiro-ministro chinês Wen Jiabao.
Duan Weihong foi presa em 2017 só reapareceu quatro anos depois após uma alegada investigação anti-corrupção.
Os três analistas descreveram Xi Jinping como sendo muito ideólogico, de convicções muito fortes.
"Algumas das piores tragédias da humanidade que aconteceram na história [foram protagonizadas por] pessoas como Mao, Hitler, Estaline, que são homens de convicções. E muitas das convicções podem, com o tipo errado, causar os maiores danos à humanidade. E eu tendo a acreditar que ele é desse tipo", afirmou Shum.