Xi Jinping "ditador". Pequim repreende embaixador dos EUA por palavras de Biden

por Inês Moreira Santos - RTP
Leah Millis - Reuters

Depois de Joe Biden se ter referido a Xi Jinping como um "ditador", o Governo chinês terá advertido o embaixador norte-americano em Pequim, Nicholas Burns, para as consequências das declarações do presidente dos Estados Unidos, que minimizou o "impacto" dos comentários.

Poucas horas depois de Biden ter proferido as polémicas declarações sobre o homólogo chinês, numa sessão pública com militantes do Partido Democrático e jornalistas, Nicholas Burns recebeu uma nota diplomática do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China com uma alegada reprimenda, de acordo com o Wall Street Journal.

Embora a comunicação social norte-americana tenha avançado com esta informação, a imprensa chinesa não menciona qualquer contacto com a Embaixada dos EUA em Pequim, numa aparente forma de preservar as relações diplomáticas com Washington depois da visita de Antony Blinken.

Apesar da queixa do Governo chinês contra os comentários de Biden, o presidente norte-americano minimizou as palavras que geraram polémica, na terça-feira, e o impacto que teriam para a China.

“Espero encontrar-me com o presidente Xi no futuro, em breve, e não acho que isto tenha qualquer consequência”,
afirmou o chefe da Casa Branca, numa conferência de imprensa na quinta-feira.

“Acho que não teve nenhuma consequência real”, acrescentou. “A ideia de escolher ou evitar dizer o que penso que são factos, no que diz respeito às relações com a China, não é algo que vá mudar muito”.

Os media estatais chineses ignoraram o assunto, mas os representantes diplomáticos mostraram o desagrado pelos comentários de Biden sobre Xi. Na quarta-feira, Xie Fenge, embaixador da China em Washington, "fez sérias recomendações e condenações, a representantes da Casa Branca, segundo um comunicado da Embaixada.

“A difamação do principal líder da China pelos EUA contradiz seriamente os factos, viola a etiqueta diplomática, infringe a dignidade política da China, vai contra os compromissos assumidos pelo lado dos EUA e prejudica a mútua confiança", afirmou ainda um porta-voz da Embaixada da China.

“Instamos os EUA a tomar imediatamente medidas sérias para desfazer o impacto negativo e honrar os próprios compromissos. Caso contrário, terá que arcar com todas as consequências”.
"Embaraçoso para os ditadores"

Recorde-se que, na passada terça-feira, durante um evento do Partido Democrático, Biden mencionou o episódio recente em que os EUA destruíram um balão chinês por, alegadamente, estar a espiar território norte-americano, acrescentando que "a razão pela qual [o presidente chinês] ficou tão chateado" quando foi abatido "aquele balão cheio de equipamento de espionagem é porque não sabia que [o dispositivo] estava lá".

"É muito embaraçoso para os ditadores quando não sabem o que aconteceu", continuou. "Quando [o balão] foi abatido ficou muito embaraçado e até negou que (o aparelho) estivesse lá".

Numa primeira reação, a China condenou a observação "absurda" do presidente dos Estados Unidos sobre Xi Jinping.

"Esta observação do lado norte-americano é realmente absurda, muito irresponsável e não reflete a realidade", disse a porta-voz diplomática chinesa Mao Ning a jornalistas, na quarta-feira.

Já o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou, no mesmo dia, que as declarações de Joe Biden violavam gravemente a dignidade política da China e eram uma provocação política pública.
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