Xanana Gusmão exige trabalho duro ao próximo Governo para servir o povo e o país

por Lusa

O próximo primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, disse hoje que vai exigir trabalho duro e responsabilidade ao seu Governo para honrar a confiança que a população depositou no seu partido para liderar o executivo.

"Celebramos a vitória, mas esta celebração é para vos recordar que o trabalho não terminou. Preparem-se para trabalhar a sério. E para cumprir", disse Xanana Gusmão, que deverá tomar posse como chefe do Governo, no próximo dia 1 de julho.

Xanana Gusmão falava perante milhares de pessoas convocadas para uma "celebração de agradecimento" aos apoiantes do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), vencedor das eleições de 21 de maio.

Na celebração, que coincidiu com o 77.º aniversário de Xanana Gusmão, participaram, entre outros, o Presidente da República, José Ramos-Horta, e os dirigentes máximos do Partido Democrático (PD), que vai fazer coligação com o CNRT para assegurar maioria parlamentar.

"Este foi um esforço conjunto. Estamos aqui para vos agradecer e para agradecer ao povo a sua confiança, exigindo responsabilidade máxima. E durante a campanha o povo dizia que é tempo de mudança e, para isso, que iam confiar no CNRT", vincou.

Xanana Gusmão retomou as suas referências à necessidade de consolidar o Estado, dando como exemplos países como a Guiné-Bissau, que quase 50 anos depois da independência ainda é um Estado frágil.

"Por isso peço que abram a cabeça, que haja uma mudança de mentalidade. Montamos um Estado para procurar sair da fragilidade e para passar para a resiliência, mas depois dos últimos anos continuamos frágeis", considerou.

Muitos dos recados foram para o próprio partido, afirmando que o que é exigido agora "não é ser ministro", mas sim "trabalhar a sério para que as condições de vida do povo melhorem".

E deixou mesmo um aviso, recordando que inicialmente só queria ser primeiro-ministro se o CNRT tivesse maioria absoluta (ficou a duas cadeiras de o conseguir), e que aceitou ser, agora, "mas se for para trabalhar".

"E se não trabalharem a sério, saio. O povo deu-nos a sua confiança, e não é só para estar nas cadeiras, é para trabalhar e para servir o povo. Este é o tempo da mudança. Não vão para ser ministros, vão para trabalhar. E se não trabalharem, eu saio", avisou.

O líder do CNRT referiu-se ainda à necessidade de desenvolvimento regional, apostando na descentralização de quadros técnicos e administrativos e afirmando que o trabalho "não é para fazer só em Díli".

Também o secretário-geral do CNRT, Francisco Kalbuadi, se referiu à agenda de mudança, notando que o povo "tem expectativas e grande esperança", o que exige o máximo esforço conjunto.

"Agora temos de honrar essa confiança e vamos trabalhar em conjunto com o PD, trabalhar com grande sentido de responsabilidade, sacrifício, sentido de serviço, para que o povo avance. Temos de estar prontos a servir o povo, a trabalhar pelo povo", disse Kalbuadi.

Intervindo na mesma ocasião, Mariano Assanami Sabino, presidente do Partido Democrático (PD), também se referiu à responsabilidade que a população depositou nos dois partidos.

"Hoje agradecemos a todos. Temos uma grande responsabilidade de fazer avançar o país. Temos de trabalhar porque o povo quer mudança", afirmou.

"Mudança nos jovens, nos empresários, nos ativistas, mudanças para sermos autores do desenvolvimento. Momento para trabalhar muito. A campanha foi a campanha e agora o povo quer que implementemos o que prometemos, em conjunto, a trabalhar com qualidade para servir o povo", vincou.

A composição do futuro Governo e a eleição do novo presidente do Parlamento marcaram grande parte das conversas de bastidores no encontro, na véspera de serem apresentadas as candidaturas ao cargo de futuro presidente do parlamento.

O Parlamento Nacional marcou para quarta-feira a sessão inaugural da nova legislatura, a 6.ª, com o juramento dos 65 deputados eleitos a 22 de junho e a apresentação formal de candidaturas a presidente do Parlamento Nacional.

A eleição do presidente do parlamento e o seu discurso inaugural estão previstos para 23 de junho, enquanto a 26 de junho decorrem as eleições para os restantes cargos da mesa do Parlamento Nacional.

A 29 de junho, o Presidente, José Ramos-Horta, terá a primeira reunião com o primeiro-ministro indigitado, Xanana Gusmão, bem como outros elementos dos dois partidos do executivo.

No dia seguinte, José Ramos-Horta assina o decreto de nomeação do IX Governo Constitucional que toma posse no dia 01 de julho no Palácio Presidencial em Díli.

 

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