O presidente do CNRT, partido vencedor das legislativas em Timor-Leste, Xanana Gusmão, reuniu-se esta quarta-feira de forma "informal" com o chefe de Estado, José Ramos-Horta, no âmbito da formação do próximo governo.
"O presidente convidou-me. Foi um encontro informal, porque o CNRT (Congresso Nacional da Reconstrução Timorense) foi o partido vencedor. Trocámos impressões relativamente à situação. O secretário-geral do CNRT reuniu-se com o PD (Partido Democrático) e os dois partidos informaram estar juntos", explicou Xanana Gusmão aos jornalistas.
"Depois das primeiras sessões do novo parlamento, haverá então a reunião formal com o primeiro-ministro indigitado e, depois disso, a tomada de posse do governo. Hoje estou aqui apenas como presidente do partido mais votado", considerou.
O líder do CNRT escusou-se a fazer qualquer comentário sobre a composição do futuro governo, sobre se incluirá apenas elementos do seu partido e do PD ou sobre as prioridades do programa, remetendo essas declarações para depois da indigitação como novo primeiro-ministro.
Questionado sobre o facto de o parlamento atual ter decidido ultrapassar em um dia o limite máximo do prazo legal para a tomada de posse dos novos deputados, Xanana Gusmão disse que foi a decisão possível.
"Ouvíamos dizer que estavam a defender esticar até setembro e aí é que não aceitamos. Mas está dentro das previsões do regimento, máximo 15 dias. Honestamente, se fossemos a exigir mais rápido, podiam dizer que o máximo era os 15 dias", explicou.
"Por isso obedecemos às regras para não estarmos a criar dificuldades de vária ordem", afirmou Gusmão.
Queixa explicada
Aos jornalistas, o dirigente reiterou a posição do CNRT, que considera ter havido fraude eleitoral, com a apresentação de uma queixa às autoridades.
"Não se trata de não respeitar o resultado. Respeitamos o resultado. Mas queremos que esta questão da fraude eleitoral seja investigada e os responsáveis punidos", disse.
Xanana Gusmão explicou terem sido detetados vários casos de introdução errada de dados de votos no CNRT, dando como exemplo um centro de votação, onde até votou uma deputada do partido, e onde a ata final de apuramento dava zero votos ao partido.
"Avançamos com a queixa porque queremos deixar isto melhorado para a futura liderança, para as futuras gerações. Para corrigir os problemas e evitar que ocorram em futuros atos eleitorais", disse.
Depois da reunião com o CNRT, José Ramos-Horta recebeu uma delegação do PD, terceira força política no novo parlamento e que irá formar com o partido de Xanana Gusmão uma maioria parlamentar que sustentará o futuro Governo.
As direções dos dois partidos mantiveram já duas reuniões, em que confirmaram a vontade de estar juntos no 9.º Governo constitucional, sendo que ainda não são conhecidos quaisquer detalhes sobre divisão de pastas no executivo ou sobre cargos no futuro Parlamento Nacional.