Washington reconhece Edmundo González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela

por Lusa
David Canales / SOPA Images via Reuters Connect

Os Estados Unidos reconheceram esta terça-feira como Presidente eleito da Venezuela, pela primeira vez, Edmundo González Urrutia, que reclama vitória sobre Nicolás Maduro nas eleições de julho.

"O povo venezuelano pronunciou-se de forma contundente em 28 de julho e escolheu Edmundo González como Presidente eleito. A democracia exige respeito pela vontade dos eleitores", disse o secretário de Estado, Antony Blinken, nas redes sociais.

A administração norte-americana de Joe Biden havia afirmado anteriormente que González foi o mais votado nas eleições, mas sem o reconher oficialmente como Presidente eleito. 

A União Europeia (UE), que não reconheceu ainda oficialmente González, afirmou na segunda-feira que irá ponderar sanções contra o regime de Nicolás Maduro devido à deterioração da situação na Venezuela e depois de considerar que o declarado Presidente eleito "não ganhou as eleições".

Numa conferência de imprensa em Bruxelas, após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, anunciou que o bloco europeu "vai rever o sistema de sanções" contra um governo que "não considera que ganhou as eleições".

"Não reconhecemos a sua legitimidade e continuaremos a apoiar o povo da Venezuela na sua luta democrática", afirmou o chefe da diplomacia europeia.

Esta iniciativa está em consonância com a intenção de aumentar a pressão sobre Caracas no período que antecede janeiro de 2025, altura em que Maduro deverá iniciar novo mandato na presidência.

Borrell reuniu-se com o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, a quem ofereceu o apoio europeu às aspirações democráticas da Venezuela e salientou considerá-lo o vencedor das eleições, "de acordo com os dados disponíveis".

O Alto Representante da UE para a Política Externa indicou que a UE "continua unida" na sua rejeição de Maduro, que não reconhece como Presidente democraticamente eleito, uma vez que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não apresentou os resultados pormenorizados que sustentem os resultados proclamados.

Por outro lado, Borrell congratulou-se com a libertação de "presos políticos" pelo governo de Maduro e assegurou que a UE continuará a pedir a liberdade de todos aqueles que ainda estão encarcerados, especialmente os que são cidadãos europeus.

"A boa notícia é que as autoridades da Venezuela, o governo de Maduro, libertaram hoje um número relevante de prisioneiros políticos", afirmou o chefe da diplomacia europeia.

Um total de 131 presos políticos venezuelanos, detidos após as eleições presidenciais de 28 de julho, foram libertados desde sábado pelas autoridades, segundo a organização não governamental (ONG) Fórum Penal.

Após as libertações, continuam detidas no país 1.700 pessoas por motivos políticos, segundo a mesma fonte.

A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

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