Voos afetados em série. Incêndio e quebra de energia obrigam ao fecho do Aeroporto de Heathrow
O aeroporto londrino de Heathrow, o maior da Europa em termos de tráfego de passageiros, vai estar encerrado esta sexta-feira devido a um corte de eletricidade provocado por um incêndio, causando perturbações no tráfego aéreo a nível mundial. Mais de mil voos vão ser afetados.
“Heathrow está a sofrer um corte de energia significativo. Para garantir a segurança dos nossos passageiros e colegas, Heathrow estará encerrado até às 23h59 [mesma hora de Lisboa] de 21 de março”, revelou o operador do aeroporto, Heathrow Airport Holdings.
Due to a fire at an electrical substation supplying the airport, Heathrow is experiencing a significant power outage.
— Heathrow Airport (@HeathrowAirport) March 21, 2025
To maintain the safety of our passengers and colleagues, Heathrow will be closed until 23h59 on 21 March.
Passengers are advised not to travel to the airport… pic.twitter.com/7SWNJP8ojd
O grupo declarou ainda esperar “graves perturbações (no tráfego) durante os próximos dias”.Classificado entre os cinco maiores aeroportos do mundo, Heathrow serve 80 países e efetua 1.300 descolagens e aterragens por dia. É utilizado diariamente por cerca de 230 mil passageiros.
Alguns voos que já estavam no ar foram desviados para o Aeroporto de Gatwick, também em Londres, o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e o Aeroporto de Shannon, na Irlanda.
Num comunicado divulgado nas redes sociais, a Heathrow Airport Holdings recomendou que os passageiros não se desloquem para o aeroporto e aconselhou-os a contactarem a companhia aérea para obterem mais informações.
“Esperamos interrupções significativas nos próximos dias", admitiu a operadora.
Segundo o resumo de tráfego aéreo do grupo, 5,7 milhões de passageiros viajaram por Heathrow no mês passado, tornando-o o fevereiro mais movimentado de que há registo. O número de passageiros ascendeu a 84,1 milhões de março de 2024 a fevereiro de 2025.No entanto, o aeroporto de Heathrow, que movimenta cerca de 475 mil aviões anualmente, está a funcionar com 99 por cento da capacidade e corre o risco de ser ultrapassado pelos rivais europeus. As suas duas pistas comparam-se às quatro do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e do aeroporto de Frankfurt, e às seis do Schiphol, em Amesterdão.
O site Flightradar24, que permite acompanhar em tempo real o tráfego aéreo, avançou na rede social X que mais de mil voos vão ser afetados com o encerramento do aeroporto de Heathrow.
“O encerramento total de hoje de Londres-Heathrow irá afetar pelo menos 1.357 voos de/para LHR”.
679 flights are scheduled to land and 678 flights are scheduled to take off from Heathrow today. pic.twitter.com/Vgzh4XJlCV
— Flightradar24 (@flightradar24) March 21, 2025
O incêndio de Hayes obrigou ao desvio ou cancelamento de aviões em todo o mundo.
A British Airways, que tinha 341 voos programados para aterrar em Heathrow esta sexta-feira, revelou que o encerramento vai ter um “impacto significativo” na companhia aérea.
“Esta situação terá claramente um impacto significativo na nossa operação e nos nossos clientes, e estamos a trabalhar o mais rapidamente possível para os informar sobre as suas opções de viagem nas próximas 24 horas”, afirmou.
Segundo a companhia aérea australiana, dois voos da Qantas com destino ao aeroporto de Londres - um direto de Perth (Austrália) e outro de Singapura - tiveram de ser desviados para Paris Charles de Gaulle.
Os voos interrompidos incluem também um voo da United Airlines proveniente de Nova Iorque, que aterrará em Shannon (Irlanda), segundo o FlightRadar24.
Sete voos da United Airlines tiveram de regressar ao aeroporto de partida ou ser desviados para outros destinos, segundo a transportadora americana, cujos voos de sexta-feira para Heathrow foram cancelados.
Um voo da Korean Air, que deveria descolar com destino a Incheon (Coreia do Sul), sofreu um atraso de 22 horas.
O Aeroporto de Lisboa cancelou 18 das 22 partidas e chegadas de voos de e para o aeroporto londrino de Heathrow. A companhia ferroviária britânica National Rail cancelou todos os comboios de e para o aeroporto.
Construído em 1946, Heathrow é o maior dos cinco aeroportos que servem a capital britânica, com mais de 80 milhões de passageiros por ano. Noventa companhias aéreas fizeram de Heathrow a sua base, incluindo a British Airways, a Virgin Atlantic e a Lufthansa.
Tendo atingido o limite da sua capacidade, obteve em janeiro a luz verde do governo britânico para a construção de uma terceira pista, após anos de apelos dos habitantes locais. Esta deverá estar concluída em 2035.
Entre os cerca de 200 destinos que serve, Dublin, Los Angeles, Madrid e Nova Iorque são os mais populares.
Entretanto, o aeroporto londrino de Gatwick, o segundo maior do Reino Unido, começou a aceitar alguns voos que deveriam inicialmente aterrar em Heathrow.
“Estamos a dar apoio, aceitando voos desviados sempre que necessário”, declarou um porta-voz do aeroporto. Sete voos já tinham sido desviados para Gatwick pouco antes das 07h00 GMT.We are aware of the situation at @HeathrowAirport today and are supporting where required.
— London Gatwick LGW (@Gatwick_Airport) March 21, 2025
Flights from London Gatwick are operating as normal today. pic.twitter.com/cAMbTBQj04
Falha de energia afetou mais de 16.300 habitações
Além do aeroporto, “um grande número de casas e de empresas locais” foram afetadas pelo incêndio, que foi registado às 23h23 de quinta-feira ([mesma hora de Lisboa], segundo o porta-voz dos bombeiros, Pat Goulbourne.
Ao início da manhã, o Corpo de Bombeiros de Londres revelou que o incêndio já estava controlado, acrescentando que os serviços de emergência “permanecerão no local durante todo o dia”.
“Conseguimos controlar o incêndio e impedir a sua propagação”, declarou o porta-voz dos bombeiros, em comunicado.The fire in #Hayes is now under control, but we will remain on scene throughout the day.
— London Fire Brigade (@LondonFire) March 21, 2025
Our fire investigators will begin their investigation & we will continue working closely with our partners to minimise disruption and support the community https://t.co/IrOHNJTpqp pic.twitter.com/AnRe5whtfE
O Corpo de Bombeiros de Londres tinha avançado anteriormente que um transformador dentro de uma subestação elétrica em Hayes, no oeste de Londres, estava em chamas, e foram mobilizadas uma dúzia de equipas e cerca de 70 bombeiros.
Devido à quantidade de fumo, os moradores foram aconselhados a manter as janelas e portas fechadas.
"Este é um incidente altamente visível e significativo, e os nossos bombeiros estão a trabalhar incansavelmente em condições desafiantes para controlar o incêndio o mais rapidamente possível", tinha afirmado Goulbourne, antes de salientar que a causa do incêndio ainda é desconhecida.