Volodymyr Zelensky vê razões para paz em 2025

por Graça Andrade Ramos - RTP
Volodymyr Zelensky na Cimeira Ucrânia-Sudeste Europeu, em Dubrovnik, Croácia Press Presidência da Ucrânia - Reuters

O presidente ucraniano afirmou esta quarta-feira que a situação no campo de batalha "cria a oportunidade" para caminhar para o fim da guerra já em 2025, apelando ainda à "unidade" do continente europeu.

Para Volodymyr Zelensky, o seu Plano de Vitória abre uma verdadeira era de estabilidade para a Europa.

"Em outubro, novembro e dezembro temos a oportunidade de encaminhar as coisas em direção à paz e a uma estabilidade duradoura", afirmou, perante a cimeira Ucrânia-Sudeste Europeu, em Dubrovnik, Croácia. 

"A situação no campo de batalha cria a oportunidade para fazer esta escolha - escolha por uma ação decisiva para pôr fim à guerra o mais tardar em 2025",acrescentou o presidente ucraniano.

Correm rumores de que o Ocidente estará a preparar uma proposta para a Ucrânia aceitar a entrega de território à Rússia em troca da sua adesão à NATO.

Despejando água fria nas expectativas ucranianas, o Kremlin voltou a afirmar esta quarta-feira que uma condição sine qua non para a paz é a necessidade da neutralidade militar ucraniana, para uma "paz justa", que não existirá se passar a pertencer à Aliança.
Apelo à União Europeia
Em Dubrovnik, Zelensky deixou ainda apelos à união do continente.

"A União Europeia deve unir todo o continente", considerou, pedindo ao bloco para abrir os braços a "todas as nações democráticas da Europa, incluindo todas as vossas", referindo-se aos todos os países do leste europeu presentes na cimeira.

Uma defesa não só da adesão da Ucrânia, cujo processo foi aberto em junho, mas de diversos outros países dos Balcãs, que esperam há anos pela adesão. "Ninguém na Europa necessita de lhe lembrem a que ponto a estabilidade é importante para os Balcãs", sublinhou Zelensky.

"Podem existir tensões políticas, nós devemos agir de modo que a nossa união no seio da Europa se mantenha tão estável quanto possível", aconselhou Zelensky. "Se a Europa não estiver unida atualmente, ela não estará em paz. É necessário por isso que os processos de adesão se concluam", defendeu.

A terceira cimeira Ucrânia-Europa de Leste reúne dos chefes de Estado, de Governo ou da diplomacia de 13 países, Albânia, Bósnia-Herzgovina, Bulgária, croácia, Kosovo, Moldávia, Montenegro, Macedónia do Norte, Roménia, Sérvia, Eslovénia e Turquia.
Cooperação na Defesa
A reunião ao mais alto nível deverá concluir-se com a assinatura de novas cooperações militares entre Kiev e as nações do leste europeu, com a Ucrânia a posicionar-se como uma futura potência europeia na produção industrial de armamento.

Deverá ainda ser assinada a "declaração de Dubrovnik" a condenar a invasão russa e a declarar apoio à integridade territorial da Ucrânia, à entrada de Kiev na União Europeia e à reconstruçã do país quando regressar a paz.

"Os ucranianos continuam a defender os seus lares com a maior coragem", afirmou o primeiro-ministro croata, Andrei Plenkovic, na abertura da cimeira. "Apoiar a Ucrânia não é somente uma questão de solidariedade", acrescentou, "importa essencialmente à segurança de nós todos".

Zelensky foi um dos primeiros oradores da conferência, após um encontro a dois com Plenkovic, com quem assinou um acordo para a "cooperação em matéria de Defesa e de desminagem", além dos cuidados a soldados feridos, cibersegurança, partilha de informações e reconstrução. Nos últimos dois anos, Zagreb enviou a Kiev 300 milhões de euros em ajuda, sobretudo militar, acolhendo cerca de 30 mil refugiados ucranianos, incluindo soldados feridos e tratados nos hospitais croatas. Plenkovic visitou Kiev três vezes em 2022.

"Unidos, iremos desenvolver a cooperação entre as nossas indústrias de Defesa", saudou Volodymyr Zelensky na rede X.

Volodymyr Zelensky irá aproveitar a deslocação para realizar um mini-périplo e reunir-se com alguns líderes europeus.

Quinta-feira será recebido em Paris pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que deverá vincar o seu apoio "infalível" à Ucrânia e ao povo ucraniano, de acordo com um comunicado do Eliseu.

Depois, o presidente ucraniano deverá deslocar-se a Roma, reunindo-se quinta-feira com Giorgia Meloni, de acordo com o gabinete da primeira-ministra italiana. O Vaticano confirmou por seu lado um encontro de Zelensky com o Papa Francisco, sexta-feira, entre as 09h30 e as 10h00 locais.
Encontro na Alemanha
O líder ucraniano seguirá então para Berlim, onde se irá reunir com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Apesar da ausência do presidente norte-americano Joe Biden, que levou ao adiamento do encontro de Ramstein, previsto para sábado, Zelensky deverá apresentar na Alemanha as suas "medidas claras e concretas com vista a um fim justo da guerra", numa altura em que a Ucrânia apela ao Ocidente por mísseis de longo alcance para atingir alvos militares em território russo.

Uma fonte do governo alemão indicou na terça-feira que era "inteiramente concebível" que Berlim anunciasse um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia nesta ocasião.

No entanto, o Governo de Olaf Scholz mantém a sua recusa em fornecer à Ucrânia mísseis de longo alcance, capazes de penetrar em território russo.

com agências
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