Vladimir Putin toma posse para um quinto mandato como presidente da Rússia

por Inês Moreira Santos - RTP
Dmitry Astakhov - EPA

Começa esta terça-feira o quinto mandato de Vladimir Putin, com a tomada de posse como presidente da Rússia. Com a guerra na Ucrânia como pano de fundo e sob várias críticas do Ocidente, a cerimónia no Kremlin, marcada para esta manhã, não conta com a presença de representantes e diplomatas dos Estados Unidos e da maioria dos países europeus.

É a quinta vez que Vladimir Putin é empossado no Salão Andreyevsky do Grande Palácio do Kremlin. Mas muita coisa mudou desde a primeira cerimónia de tomada de posse, em maio de 2000, quando se comprometeu a “preservar e desenvolver a democracia” e a “cuidar da Rússia”.

Vinte e quatro anos depois, o líder do Kremlin está em guerra contra a Ucrânia e, internamente, tem limitado a democracia na Rússia, prendendo os críticos e eliminando toda e qualquer oposição.

Nas últimas eleições presidenciais, que decorreram entre 15 e 17 de março, Putin obteve na votação em território russo mais de 76,2 milhões de votos (87,28 por cento). Vários Governos ocidentais alinharam-se nas críticas à legitimidade democrática das eleições presidenciais na Rússia e não felicitaram o chefe de Estado russo, como foi o caso dos Estados Unidos.Na segunda-feira, o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, apelou aos Estados-membros para que não enviassem representantes diplomáticos à cerimónia de tomada de posse.


“Posso confirmar que o convite enviado pelo Kremlin para a tomada de posse de Putin para amanhã [terça-feira] chegou também aos nossos Estados-membros da UE e à delegação da UE em Moscovo. Estamos atualmente a discutir com os Estados-membros como a UE irá responder a esse convite [dado que] o nosso objetivo é sempre ter uma abordagem coordenada, sempre que possível, em matéria de política externa"
, disse na segunda-feira o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano.

Alguns Estados-membros da UE já tinham respondido que não vão estar na cerimónia, como é o caso de Itália, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, indicou a rejeição do convite num contexto em que o governo de Giorgia Meloni tenta manter a distância em relação às autoridades russas. Existem, porém, países europeus que continuam a manter estreitas relações com a Rússia, como é o caso da Hungria.

“Não, não vamos enviar um representante para a tomada de posse”, garantiu Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. "Não consideramos aquelas eleições livres e justas, mas ele é o presidente da Rússia e vai continuar nessa posição”.O Reino Unido, a Alemanha e o Canadá também afirmaram que não enviariam nenhum diplomata para participar na cerimónia, que acontece um dia depois de a Rússia anunciar que vai iniciar exercícios táticos de armas nucleares.

Ressaltando as divisões sobre a forma como lidar com a Rússia, uma fonte diplomática de Paris confirmou que “a França será representada pelo seu embaixador na Rússia”.

Falando ao lado do presidente da China na segunda-feira, o presidente francês Emmanuel Macron justificou a decisão: “Não estamos em guerra com a Rússia ou com o povo russo e não desejamos uma mudança de regime em Moscovo”.

Entretanto, no passado mês de abril, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) adotou uma resolução que insta os Estados-Membros a "não reconhecerem Vladimir Putin como presidente da Federação Russa" e a "cessarem todos os contactos, exceto os humanitários". Os representantes da oposição russa no exílio, incluindo Yulia Navalny, também fizeram pedidos semelhantes.

O novo mandato está previsto durar mais seis anos, o que significa que Putin continuará a ser o presidente da Rússia até pelo menos 2030. Embora tenha garantido publicamente que não o faria, o presidente russo alterou a Constituição em 2020 para permitir a reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin até 2036.

Vladimir Putin, que está no poder desde 2000, também ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012.
Tópicos
PUB