"Vitória histórica" ou "resultado fraudulento"? Nicolás Maduro reeleito na Venezuela
Nicolás Maduro foi esta segunda-feira declarado vencedor das eleições presidenciais venezuelanas pela autoridade eleitoral controlada pelo Governo. O resultado, contestado internacionalmente, derrubou as esperanças da oposição de colocar fim a 25 anos de regime socialista. Se, por um lado, várias nações questionam a legitimidade da vitória, por outro os apoiantes do presidente reeleito falam num momento histórico.
Maduro dedicou a vitória ao seu antecessor Hugo Chávez, falecido em 2013 e também protagonista de um regime autoritário. "Viva Chávez. Chávez está vivo!" gritou o presidente reeleito.
As declarações surgiram no final de um atraso de seis horas na divulgação dos resultados das eleições de domingo, o que provocou uma onda de preocupação por parte dos governos sul-americanos.
Por fim, o conselho eleitoral nacional declarou que Maduro tinha vencido com 51,21 por cento dos votos, contra os 44,2 por cento do seu adversário, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia.
Observadores independentes vieram já descrever estas eleições como as mais arbitrárias dos últimos anos.
De acordo com a autoridade eleitoral, com cerca de 80 por cento dos votos contados, Maduro tinha garantido mais de cinco milhões de votos, em comparação com os 4,4 milhões de González Urrutia.
O resultado representou um duro golpe para a oposição venezuelana que, apesar de fraturada, se tinha unido em torno da candidatura de González, na esperança de ajudar a tirar o país de um dos piores colapsos económicos da história moderna.
"Ganhámos em todos os Estados e toda a gente sabe isso", assegurou a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, que tinha apoiado a campanha de González depois de ter sido proibida de concorrer.
"Não os derrotámos apenas política e moralmente, derrotámo-los com votos", disse Machado aos jornalistas, afirmando que González venceu com 70 por cento dos votos e devia ser considerado o presidente eleito do país. Resultados “difíceis de acreditar”
O resultado eleitoral foi prontamente celebrado pelos aliados de Nicolás Maduro, incluindo o líder cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez, que saudou uma "vitória histórica" e um triunfo da "dignidade e coragem do povo venezuelano".
As reações negativas foram, porém, mais vocais do que as positivas, com várias nações a considerar que as eleições foram fraudulentas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que o Governo dos Estados Unidos tem "sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano".
"É fundamental que todos os votos sejam contados de forma justa e transparente, que os funcionários eleitorais partilhem imediatamente a informação com a oposição e os observadores independentes e que as autoridades eleitorais publiquem o apuramento detalhado dos votos. A comunidade internacional está a acompanhar de perto esta situação e responderá em conformidade", acrescentou.
"A chave é a publicação dos dados mesa por mesa, para que possam ser verificados", defendeu, acrescentando que Madrid não tem um candidato favorito e que "só quer o bem-estar e a democracia para o povo venezuelano triunfem".
O Governo peruano também rejeitou o resultado. "O Peru não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano", escreveu no X o ministro dos Negócios Estrangeiros desse país, Javier González-Olaechea.
Na Costa Rica, o Executivo disse rejeitar categoricamente o que considera um "resultado fraudulento", enquanto o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse que a contagem dos votos "claramente tem falhas".
c/ agências