Vírus de Marburg. Confirmados primeiros casos mortais no Gana

por RTP
Vírus de Marburg, ampliado cerca de 100 mil vezes Centers for Disease Control and Prevention's Public Health Image Library

As autoridades do Gana confirmaram dois casos de infeção provocada pelo vírus de Marburg. Ambos os doentes morreram. Pelo menos 98 pessoas estão agora confinadas e a serem observadas como casos suspeitos de contacto, tendo em vista evitar um surto. A doença degenera numa febre hemorrágica e é da família do Ébola.

Os dois doentes da região meridional de Ashanti, no Gana, não sobreviveram ao vírus Marburg. Foram socorridos num hospital distrital na região e apresentavam sintomas como diarreia, febre, náuseas e vómitos.

Os resultados das amostras deram positivo para o Marburg no início deste mês e agora foram confirmados por um laboratório no Senegal.
Para controlar o contágio e evitar possíveis surtos, as autoridades de saúde do país da África ocidental colocaram 98 pessoas em isolamento, por terem sido identificadas como casos suspeitos de contacto.

“As autoridades de saúde estão no terreno a investigar a situação e a preparar-se para uma possível resposta ao surto. Estamos a trabalhar em estreita colaboração com o país para aumentar a deteção, rastrear contatos e estar prontos para controlar a propagação do vírus”, disse Francis Kasolo, representante da Organização Mundial da Saúde no Gana.

Não existe tratamento para a doença causada pelo Marburg, mas os médicos defendem que beber muita água e tratar os sintomas específicos pode possibilitar a sobrevivência dos pacientes.

As autoridades alertaram as populações para que se mantenham longe de grutas e cozinhem todos os produtos de carne antes de os consumirem.
Marburg, doença e dispersão
De acordo com a OMS, o Marburg é uma febre hemorrágica viral, altamente infecciosa, da mesma família da doença mais conhecida do vírus Ébola.

A doença transmite-se às pessoas a partir de morcegos e espalha-se através do contato direto com fluidos corporais, superfícies e materiais infetados.

A doença revela-se abruptamente, com febre alta, dor de cabeça intensa e mal-estar. Muitos pacientes desenvolvem hemorragias graves durante os sete dias seguintes. As taxas de mortalidade variaram entre os 24 e os 88 por cento em surtos anteriores, dependendo da estirpe do vírus e da gestão dos casos.

Foram registados alguns surtos anteriores e casos esporádicos de Marburg em diversos países africanos, como República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e Uganda.Angola viveu o surto mais mortal até agora conhecido: mais de 200 pessoas sucumbiram em 2005 ao Marburg.


No Uganda, em 2007, mineiros que trabalhavam na gruta de Kitaka foram diagnosticados com a febre hemorrágica de Marburg. De acordo com analistas, o vetor da doença foi desencadeado pelos mais de 40 mil morcegos (Rousettus aegyptiacus) abrigados na gruta e a mina.

O primeiro surto foi documentado em 1967 na cidade alemã de Marburg, onde morreram sete pessoas, seguindo-se Frankfurt, na mesma altura, onde se registaram 31 vítimas mortais associadas ao vírus.
Tópicos
PUB