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Violência aumenta no Haiti com 83 raptos em julho, indica ONG

por Lusa

A violência no Haiti aumentou em julho, mês em que foram registados pelo menos 83 raptos, denunciou a organização não-governamental (ONG) Centro de Análise e Investigação de Direitos Humanos (CARDH, na sigla em francês).

Num relatório divulgado na sexta-feira, a Unidade de Vigilância Criminal da CARDH, que há anos documenta atos criminosos no Haiti, indicou que 51 cidadãos estrangeiros de quatro países foram raptados este ano.

Os 83 raptos de julho, 23 deles -- e pelo menos dois raptos coletivos -- na área de Bas-Artibonite, no centro do Haiti, sugerem "um aumento da violência e outras atividades relacionadas com grupos de crime organizado", disse o CARDH.

A ONG disse ainda que a violência do grupo Vitelhomme Innocent em Tabarre, junto à embaixada dos Estados Unidos na capital, Porto Príncipe, obrigou 400 famílias a deixar as suas casas e causou pelo menos dois mil deslocados internos, incluindo 229 crianças.

Entre os fatores que podem explicar o aumento da violência está o enfraquecimento do movimento de autodefesa da comunidade Bwa Kale (em português, "pénis nu"), que foi o slogan usado no ano passado em protestos contra o governo do Haiti.

Desde abril, este movimento, que durante meses perseguiu supostos membros de grupos de crime organizado, matou mais de 200 pessoas, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos.

Além disso, disse o CARDH, os grupos de crime organizado podem estar a apostar mais nos raptos para obterem dinheiro, de forma a compensar o impacto financeiro das sanções internacionais aplicadas ao Haiti.

Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU impôs em outubro sanções a indivíduos e grupos que ameaçam a paz e a estabilidade do Haiti, começando com um poderoso líder do crime organizado, Jimmy "Barbecue" Cherizier.

No mesmo mês, o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, enviou um apelo urgente para "o envio imediato de uma força armada especializada, em quantidade suficiente" para deter os grupos de crime organizado.

Desde então, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou sem sucesso para que uma nação líder ajudasse a restaurar a ordem no país mais empobrecido da América Latina.

Na semana passada, mais de nove meses depois, o Quénia foi o primeiro país a "considerar positivamente" liderar uma força, oferecendo-se para enviar mil agentes policiais para ajudar a treinar e auxiliar a Polícia Nacional do Haiti a "restaurar a normalidade no país e a proteger instalações estratégicas".

Os Estados Unidos prometeram apresentar no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que autorizaria o Quénia a liderar uma força multinacional a enviar para o Haiti.

O Governo das Bahamas mostrou, na terça-feira, abertura para se juntar à iniciativa e disponibilizar 150 operacionais para a força multinacional.

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