A comunidade internacional apelou, nos últimos dias, a um cessar-fogo de 24 horas para que as partes retomassem as negociações pacíficas, a fim de pôr termo ao conflito, e para garantir ajuda humanitária à população sudanesa. A imprensa local avançou que ambos os lados concordaram num período de tréguas com início ao fim do dia de terça-feira, mas o acordo foi violado em Cartum pouco depois de entrar em vigor a cessação de hostilidades. A capital do Sudão voltou a ser palco de explosões e de tiros.
As mesmas fontes acrescentavam que o dirigente militar Sham El Din Kabbashi garantia que o Exército aceitava a proposta do secretário de Estado norte-americano Antony Blinken e iria parar as hostilidades a partir do final do dia e por um período de 24 horas.
Todavia, o cessar-fogo mal tinha entrado em vigor quando os combates recomeçaram. Foram vários os residentes de Cartum que relataram à comunicação social que ouviram vários tiros e explosões. A área do palácio presidencial e o comando geral do exército sudanês foram os principais alvos de ataques, na capital sudanesa.
“Os combates continuam”, afirmou Atiya Abdulla do Sindicato dos Médicos do Sudão, à Associated Press. “Estamos a ouvir tiros constantes”. Numa declaração, o grupo paramilitar sudanês RSF acusou o exército sudanês de violar a trégua com a qual ambas as partes tinham concordado.
“A verdade é que, neste momento, é quase impossível prestar qualquer apoio humanitário dentro e nas redondezas de Cartum”, explicou Farid Aiywar, da Federação Internacional das Sociedade da Cruz Vermelha, ao Guardian. “Há várias entidades e pessoas presas a pedir ajuda”.
Hospitais alvo de ataque
Esta era a primeira trégua acordada desde o início dos combates no passado sábado e estava previsto entrar em vigor às 18h00 locais depois de o exército sudanês e as RSF terem chegado a um acordo proposto pelos Estados Unidos. A trégua foi alcançada após quatro dias de intensos combates que provocaram as mortes de pelo menos 270 civis e mais de dois mil feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde, citando o centro de operações de emergência do Ministério da Saúde sudanês.
A população de Cartum e das cidades vizinhas de Omdurman e Bahri testemunharam os bombardeamentos das últimas horas, após o acordo de cessar-fogo, e relataram a destruição de vários edifícios, incluindo de hospitais e outros serviços de saúde.
“Há grande preocupação após os relatos de ataques militares contra unidades de saúde, roubo de ambulâncias com pacientes e paramédicos no interior, assalto de unidades de saúde e ocupação de hospitais por parte das forças militares”, denunciou a OMS, em comunicado.
Os ataques a instalações de saúde “são uma violação flagrante do Direito Internacional e do direito à saúde e têm de ser suspensos imediatamente”.
Para agravar a situação, o principal aeroporto internacional do país e todo o espaço aéreo do Sudão estão encerrados, impossibilitando que cheguem mais medicamentos e qualquer ajuda médica ou humanitária.
“Há grande preocupação após os relatos de ataques militares contra unidades de saúde, roubo de ambulâncias com pacientes e paramédicos no interior, assalto de unidades de saúde e ocupação de hospitais por parte das forças militares”, denunciou a OMS, em comunicado.
Os ataques a instalações de saúde “são uma violação flagrante do Direito Internacional e do direito à saúde e têm de ser suspensos imediatamente”.
Para agravar a situação, o principal aeroporto internacional do país e todo o espaço aéreo do Sudão estão encerrados, impossibilitando que cheguem mais medicamentos e qualquer ajuda médica ou humanitária.
Os combates, que começaram no sábado, 15 de abril, entre o exército sudanês e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF), seguem-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança durante as negociações para formar um novo governo de transição.
A luta pelo poder colocou o general Abdel Fattah al-Burhan, comandante das forças armadas, contra o general Mohammed Hamdan Dagalo, 'Hemedti', chefe das Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar, numa reviravolta face à organização conjunta de um golpe militar em outubro de 2021, que derrubou o então governo de transição que sucedeu a décadas de Omar Al-Bashir no poder.
A luta pelo poder colocou o general Abdel Fattah al-Burhan, comandante das forças armadas, contra o general Mohammed Hamdan Dagalo, 'Hemedti', chefe das Forças de Apoio Rápido, um grupo paramilitar, numa reviravolta face à organização conjunta de um golpe militar em outubro de 2021, que derrubou o então governo de transição que sucedeu a décadas de Omar Al-Bashir no poder.