Viktor Orbán em Kiev pela primeira vez em mais de uma década

por Joana Raposo Santos - RTP
Orbán e Zelensky conversaram à margem da cimeira da semana passada em Bruxelas. Foto: Yves Herman - Reuters

O primeiro-ministro húngaro, crítico assumido da ajuda militar ocidental à Ucrânia, fez esta terça-feira uma visita surpresa a Kiev para se reunir com o presidente Volodymyr Zelensky. Trata-se da primeira visita de Viktor Orbán à capital ucraniana em mais de uma década.

De todos os líderes europeus, Orbán é o que possui relações mais próximas com o presidente russo, Vladimir Putin. Agora, decidiu visitar Kiev apenas um dia depois de a Hungria ter assumido a presidência semestral rotativa do Conselho da União Europeia.

"O objetivo da presidência húngara é contribuir para a resolução dos desafios que se colocam à UE. É por isso que a minha primeira viagem foi a Kiev", escreveu Orbán no Facebook.

O chefe de imprensa do primeiro-ministro húngaro, Bertalan Havasi, revelou à agência Reuters que os dois líderes iriam discutir as relações bilaterais e que "o tópico mais importante das conversações é a possibilidade de criar paz".

Os laços entre os dois líderes têm estado sob forte tensão desde que a Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com Budapeste a opor-se frequentemente aos esforços da União Europeia para apoiar Kiev.A Ucrânia está interessada em garantir o apoio da Hungria, já que depende fortemente do apoio financeiro e militar unânime dos 27 Estados-membros.

Orbán chegou mesmo a causar incómodo entre os líderes europeus ao encontrar-se, em outubro do ano passado, com o presidente Vladimir Putin. Além disso, tem acusado repetidamente Kiev de restringir os direitos de cerca de 150.000 húngaros que vivem no extremo oeste da Ucrânia.

Kiev já negou qualquer infração, mas garantiu que fará tudo para responder às preocupações de Budapeste, centradas nos direitos linguísticos da minoria étnica húngara e no ensino da língua materna.

Na cimeira da semana passada, quando Bruxelas iniciou com Kiev conversações formais sobre a adesão da Ucrânia, Zelensky e Orbán foram observados a conversar à margem do evento.

No ano passado, o primeiro-ministro húngaro disse a Vladimir Putin que a Hungria nunca quis opor-se à Rússia. Prova disso foi que, no início deste ano, os líderes da UE demoraram semanas a quebrar o veto de Orbán ao fornecimento de 50 mil milhões de euros de ajuda à Ucrânia.
Ataques russos não cessam
Entretanto, as defesas aéreas da Ucrânia conseguiram na madrugada desta terça-feira defender um novo ataque russo contra a pequena cidade de Starokostiantyniv, onde se situa uma importante base aérea frequentemente atacada por Moscovo.

Horas depois do ataque, que causou várias explosões nos céus da cidade, as ruas de Starokostiantyniv tinham já regressado à normalidade.

O novo ataque acontece numa altura em que a Ucrânia reconstrói a sua força aérea e utiliza os primeiros F-16 concebidos pelos Estados Unidos, na expectativa de conseguir repelir novas investidas russas na linha da frente.

c/ agências
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