Vídeos "deepfake" usados na guerra da desinformação
Os especialistas alertam para vídeos que manipulam imagens dos presidentes ucraniano e russo, atribuindo-lhes falsas declarações. Discursos adulterados que podem espalhar a confusão. Num destes casos, ocorrido nos últimos dias, o rosto de Volodymyr Zelensky foi aplicado a uma mensagem a instruir os soldados para que abandonassem as armas.
O serviço de informações militares da Ucrânia divulgou este mês um vídeo sobre "como os deepfakes patrocinados pelo Estado podem ser usados para semear pânico e confusão".
Os falsificadores entraram no sistema de informação escrita que passa em rodapé durante os noticiários e acrescentaram conteúdo fictício. O vídeo apareceu também brevemente no portal digital da estação de notícias. Foi o trabalho de "hackers inimigos", afirmou a estação, citada na NPR.
O vídeo manipulado mostra uma sincronização labial razoável, mas os espectadores rapidamente identificaram que o sotaque do presidente Zelensky estava errado e que a cabeça e a voz não pareciam autênticas.
A deepfake of Ukrainian President Volodymyr Zelensky calling on his soldiers to lay down their weapons was reportedly uploaded to a hacked Ukrainian news website today, per @Shayan86 pic.twitter.com/tXLrYECGY4
— Mikael Thalen (@MikaelThalen) March 16, 2022
Mas "há muitas outras formas de desinformação nesta guerra que não foram ainda desmascaradas. Mesmo que este vídeo tenha sido muito mal feito e grosseiro, pode não ser o caso de outro num futuro próximo", sublinha.
Schick adverte para o risco de estes vídeos "corroerem a confiança nos media autênticos". "As pessoas começam a acreditar que tudo pode ser falsificado", sustenta a autora, e acrescenta: "É uma nova arma e uma forma potente de desinformação visual - e qualquer um pode fazer isso".
O termo deepfake surgiu em 2017 quando um utilizador de um fórum online – Reddit- partilhou vídeos falsos com rostos recortados de atrizes conhecidas em cenas de sexo retiradas de outros contextos.
O debate sobre a ética e as consequências desta tecnologia num cenário de guerra não tem fim à vista.