A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, anunciou sábado novas propostas contra a violência armada no país, durante uma visita à escola de Parkland, na Flórida, onde há seis anos um jovem com uma arma semiautomática matou 17 pessoas.
Depois de se encontrar com familiares das vítimas e visitar o edifício onde se deu o tiroteio - que se mantém como no dia da tragédia, com sangue nas paredes, marcas de balas e janelas partidas -, Harris apresentou duas propostas do Governo para implementar leis de alerta no combate à violência armada.
A vice-presidente dos EUA referiu o lançamento do Centro de Recursos para Ordens de Proteção Contra Riscos Extremos (ERPO, em inglês), que permitiria às autoridades estaduais e locais "otimizar" o uso das leis de alerta e tentar "manter as armas fora do alcance de pessoas em situação de crise".
Este tipo de leis de alerta permite solicitar ordens judiciais para desarmar aqueles que possam causar danos a si mesmos ou aos outros.
Em segundo lugar, a vice-presidente pediu aos estados que "aprovem leis de alerta e utilizem os fundos" da Lei Bipartidária para Comunidades Mais Seguras (BSCA, em inglês), de 2022, para "ajudar a implementar as leis já promulgadas".
O tiroteio na escola Marjory Stoneman Douglas de Parkland "deu-se depois de haver sinais de advertência claros, mas não ferramentas para retirar a arma de fogo ao atirador", assinalou neste sábado um comunicado da Casa Branca sobre a visita de Harris.
Até agora, apenas 21 estados implementaram leis de alerta (ou "bandeira vermelha") e, destes, apenas seis aproveitaram os 750 milhões de dólares em fundos que a Administração Biden colocou à disposição através da BSCA.
A Flórida aprovou uma lei de "bandeira vermelha" precisamente após o tiroteio de 2018 em Parkland, onde o autor do massacre, Nikolas Cruz, que então tinha 19 anos, matou 14 alunos e 3 funcionários da escola secundária.
O edifício do colégio mantém-se como há seis anos porque foi usado para perícias judiciais durante o julgamento contra Cruz, que foi condenado a prisão perpétua.
As autoridades planeiam demolir o edifício no final de 2024.
Cruz confessou o crime e foi condenado a prisão perpétua após um julgamento em que os doze membros do júri votaram contra aplicar a pena de morte.
O agressor foi estudante da escola, onde entrou armado sem ser detetado nos controlos de segurança e desencadeou o que hoje é o terceiro tiroteio em massa numa instituição de ensino dos EUA com maior número de vítimas.
"Manter os alunos a salvo da violência com armas nas suas comunidades escolares é uma máxima prioridade para a Administração Biden-Harris", acrescentou a Casa Branca em comunicado.
Segundo o jornal Washington Post, o país registou um total de 394 tiroteios em escolas desde o ataque em massa ocorrido na escola secundária Columbine, no Colorado, em 1999.