Vice-PM cabo-verdiano abre Conselho de Governadores FMI/BM a defender mais emprego
O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde defendeu hoje, em Washington, a criação de emprego como uma prioridade para África, ao discursar nas funções de presidente dos Conselhos de Governadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial para 2025.
"África tem recursos suficientes para construir um futuro glorioso. Temos energia, água, terra arável, jovens, mulheres e um bom ecossistema climático", referiu, ao abrir as assembleias anuais dos conselhos.
Olavo Correia, que tutela as pastas das Finanças e Economia Digital em Cabo Verde, assinalou que "o resto depende da governança e da liderança".
"Temos de trabalhar todos os dias para criar empregos e empregos dignos e oportunidades para todos", disse.
Impulsionar o nível de resiliência climática, a economia verde, apostar no setor privado e na diversificação foram outras prioridades apontadas, a par da redução dos "elevados encargos da dívida".
O governante assinalou que "desde há décadas que o Grupo Banco Mundial e o FMI têm vindo a trabalhar em conjunto para ajudar os países membros a enfrentar os desafios da sustentabilidade da dívida", aproveitando a oportunidade para defender o relacionamento multilateral.
"É preciso, sim, melhorar a transparência da dívida, apoiando políticas económicas sólidas e concedendo mais financiamentos em condições favoráveis. As instituições estão no centro do sistema multilateral. Temos de ajudar o FMI e o Banco Mundial capitalizando-os. Só assim podem ajudar-nos melhor com escala, com velocidade e com impacto. Este é o dever de todos nós", disse.
Olavo Correia usou Cabo Verde como exemplo, dizendo que, de "país impossível" na independência, em 1975, passou a país com ambição e até conseguiu o apuramento para o Mundial2026 de futebol masculino, feito conquistado na terça-feira e aplaudido na cerimónia em Washington.
"Parabéns", referiu a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, que disse esperar visitar as ilhas e gritar pelos Tubarões Azuis, como é conhecida a seleção cabo-verdiana de futebol.
O discurso de abertura por Olavo Correia antecedeu a intervenção do presidente do Grupo Banco Mundial, Ajay Banga, que, olhando para as projeções demográficas, sobretudo o crescimento em África, disse também que o foco de todos os intervenientes deve ser colocado "no emprego", apontando-o como "uma missão".
Segundo Kristalina Georgieva, que interveio depois, a missão será facilitada se forem eliminadas as "ansiedades" do momento, relacionadas com fatores geopolíticos, novas tecnologias e tarifas -- o comércio deve continuar a ser fonte de crescimento, alavancado pela inteligência artificial (IA).
"As mudanças trazem ansiedade, mas sejamos otimistas", concluiu.