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Venezuela. UE e onze países da América rejeitam validação da vitória de Maduro

por RTP
Ronald Pena - EPA

Os Estados Unidos e dez países latino-americanos rejeitaram de forma "categórica" a sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela que confirma a reeleição do presidente Nicolás Maduro. Também esta sexta-feira, o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borell, declarou que a UE não reconhecerá Maduro como presidente até que as atas eleitorais sejam verificadas.

Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Estados Unidos afirmam que "rejeitam categoricamente o anúncio do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela que indica ter concluído um suposta verificação dos resultados do processo eleitoral", emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

“Os nossos países já tinham manifestado a sua desaprovação relativamente à validade da declaração da CNE, depois de ter sido recusado aos representantes da oposição o acesso à contagem oficial”, sublinham os países num comunicado conjunto, divulgado pelo Ministério chileno dos Negócios Estrangeiros.

Os Estados Unidos argumentam, numa declaração separada, que a decisão do Supremo Tribunal “carece completamente de credibilidade, dadas as provas esmagadoras de que Gonzalez recebeu o maior número de votos nas eleições de 28 de julho”.

“A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada”, acrescenta Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, no comunicado de imprensa.

Na posição conjunta é reiterada a defesa de uma "auditoria imparcial e independente" dos votos e a necessidade de "respeito pela expressão soberana do povo venezuelano, que se exprimiu pacífica e energicamente a 28 de julho".

O Governo venezuelano já respondeu, rejeitando "com a maior veemência o comunicado grosseiro e insolente" dos 11 países americanos. Num discurso transmitido pela televisão, o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Yván Gil condenou o que apelidou de "um ato de ingerência inaceitável nos assuntos que apenas dizem respeito aos venezuelanos".
UE insiste na verificação das atas eleitorais
A União Europeia também já deixou claro que não reconhecerá Nicolás Maduro como presidente da Venezuela até que as atas eleitorais sejam verificadas.

"Enquanto não virmos um resultado que possa ser verificado, não o vamos reconhecer", disse o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borell.


"Continuamos a dizer que devemos comprovar esse resultado eleitoral e, de momento, não vimos alguma prova. Ninguém viu as atas eleitorais, o Conselho Nacional Eleitoral deveria mostrá-las para demonstrar qual é o resultado e enquanto nós não virmos um resultado que possa ser verificado, não o vamos reconhecer", frisou.

Borrell esclareceu ainda que os 27 Estados-membros estão "nesse momento" a tentar estabelecer uma posição sobre essa questão e, se não for estabelecida agora, será anunciada no Conselho do Ministro dos Negócios Estrangeiros na próxima semana.

Na quinta-feira, o TSJ, controlado pelos chavistas, declarou Maduro vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho. Maduro foi declarado vencedor das eleições presidenciais pelo CNE, com 51,21 por cento dos votos, embora não tenha publicado as contagens completas, alegando ter sido alvo de um ciberataque.

A revisão das atas eleitorais pelo TSJ foi pedida por Maduro poucos dias após as eleições, depois de a oposição ter publicado registos de votação online de 80% das cabines de voto, que mostram que o candidato da oposição Edmundo González ganhou por uma margem de mais de 2 para 1.

A oposição considera a decisão do tribunal “nula”, argumentando que “a soberania reside de forma intransmissível no povo”.

Entretanto, esta sexta-feira foi anunciado que Edmundo González será chamado a depor “sobre a sua responsabilidade pela página da Web que está a usurpar a virtude e a jurisdição que correspondem apenas às autoridades eleitorais”.

O anúncio da reeleição de Maduro para um terceiro mandato provocou várias manifestações, que foram brutalmente reprimidas pelas forças de segurança. Há registo de mais de 2.200 detenções, 25 mortos e 192 feridos.

c/agências
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