A Venezuela registou 950 homicídios no primeiro semestre deste ano, dos quais 330 foram provocados por forças policiais, segundo um boletim divulgado pela organização não governamental (ONG) Observatório Venezuelano de Violência (OVV).
O documento, denominado "Crimes Conhecidos pela Sociedade", relata "620 homicídios dolosos" e "330 mortes por intervenção policial", número registado entre janeiro e junho deste ano através da monitorização de casos noticiados na imprensa de Caracas e em 13 dos 23 estados do país.
O relatório destaca que, além desses assassínios, foram registados outros 1.543 crimes de violência interpessoal, incluindo agressões sexuais, cujas vítimas são na sua maioria mulheres, em muitos casos, meninas e adolescentes.
Sobre a violência de género, detalha que quase 50% das mulheres vítimas de um crime no primeiro semestre sofreram agressão física, enquanto 11% foram abusadas sexualmente e outros 11% correspondem ao total de feminicídios consumados.
Da mesma forma, a OVV aponta que 84% das vítimas conhecidas dos assassínios eram homens, quase todos com idades entre os 20 e 29 anos.
A ONG registou um total de 11.081 mortes violentas em 2021, das quais 3.112 foram homicídios, 4.003 "mortes sob investigação", 2.332 por "resistência à autoridade" e 1.634 são considerados desaparecimentos.
O professor Adrián González, membro da ONG, explicou à agência de notícias Efe que os números mostram uma aparente redução dos homicídios em relação ao mesmo período de 2021, embora, frisou, haja uma "subnotificação" de casos devido à falta de informação oficial.
"Há uma seca de meios (de comunicação)", sublinhou o investigador, lembrando que o boletim da OVV se baseia apenas em crimes noticiados pela imprensa.