Venezuela. Quatro mortos nos protestos dos últimos dias

por Andreia Martins - RTP
As duas vítimas confirmadas esta quinta-feira são jovens menores, de 16 e 14 anos. Carlos Garcia Rawlins - Reuters

Dois jovens venezuelanos que ficaram feridos nos protestos contra Nicolás Maduro morreram esta quinta-feira. Desta forma, sobe para quatro o número de manifestantes mortos nos confrontos com a polícia nos últimos dias de protesto. Entre a agitação e o agudizar da crise política, o Presidente da Venezuela assegura que os militares continuam ao lado do regime.

A informação avançada pela agência France Presse esta quinta-feira confirma a morte de mais dois manifestantes nos protestos dos últimos dias na Venezuela.

As duas vítimas são jovens menores: Yosneer Graterol, que tinha 16 anos, foi ferido na terça-feira durante uma manifestação na cidade de La Victoria. Yoifre Hernandez, de 14 anos, ficou ferido durante um protesto em Caracas, na quarta-feira.

Ao início da tarde, o Observatório de Conflito Social, grupo de direitos humanos, tinha avançado que pelo menos quatro pessoas morreram durante os dois últimos dias de protesto e 230 pessoas ficaram feridas.

Houve ainda 205 detidos nos confrontos entre a polícia e as forças de segurança, segundo a mesma organização.
No total, segundo o Observatório de Conflito Social da Venezuela, há registo de 57 vítimas mortais nos protestos desde o início de 2019.

A situação política na Venezuela agravou-se nos últimos dias desde que, na última terça-feira, ainda de madrugada, o autoproclamado presidente interino, iniciava uma ação contra o regime de Nicolás Maduro.

Num vídeo publicado no Twitter, Juan Guaidó aparecia rodeado de militares na base aérea La Carlota, em Caracas, e apelava à mobilização da população nas ruas no que designou de “Operação Liberdade”.

No mesmo dia, um grupo de militares e responsáveis ligados aos serviços de informação libertaram Leopoldo López, figura destacada de oposição ao chavismo, fundador do partido Vontade Popular, que estava em prisão domiciliária desde 2017.

López acabaria por procurar refúgio com a família na casa do Embaixador espanhol em Caracas.

Entretanto, a casa do líder da oposição foi vandalizada. Várias testemunhas identificaram os invasores como membros do Serviço Nacional Bolivariano de Informação. Segundo o jornal El País, os invasores levaram vários equipamentos eletrónicos.

“Maduro mandou uns ladrões até nossa casa. Ele próprio é um ladrão, um corrupto, um ditador, uma pessoa que está a destruir um país que tem fome”, disse a mulher de López, Lilian Tintori.
4.500 militares marcham com Maduro
Em resposta ao que classificou como uma “tentativa de golpe de Estado”, Nicolás Maduro assegurou que as Forças Armadas Bolivarianas continuavam do seu lado, não tendo havido quaisquer progressos nos principais centros do país.

Já esta quinta-feira, após a tensão dos últimos dias, o líder venezuelano desfilou no Forte de Tiúna, principal base militar de Caracas, acompanhado de milhares de militares.

De acordo com a agência oficial estatal AVN, participaram nesta marcha 4.500 oficiais.

"Viemos ratificar a nossa lealdade às instituições democráticas, ao povo da Venezuela, ao comandante e chefe supremo das Forças Armadas, como o único Presidente Nicolás Maduro", afirmou o ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino López.

Maduro também discursou perante os militares: “Estas forças Armadas têm que dar uma lição histórica ao mundo. Na Venezuela, as forças militares são consequentes, leais, coesas e unidas como nunca antes a derrotar tentativas golpistas de traidores que se vendem aos dólares de Washington”, afirmou o líder venezuelano.

Numa mensagem para os Estados Unidos, mas também para as várias nações que reconheceram a legitimidade de Juan Guaidó nos últimos meses, Nicolás Maduro avisou: "Ninguém se atreva, jamais, a tocar o nosso solo sagrado, nem a trazer uma guerra à Venezuela. O império investe em dividir, em debilitar, para dizer ao mundo que começou uma guerra civil (...) Há que intervir para enfraquecer a nação, para destruir a nossa pátria".

"Quantos mortos haveria se rebentasse uma guerra civil, devido à insensatez dos golpistas e traidores?", questionou ainda Maduro. 




"O ódio e a mentira jamais poderão romper com a disciplina e o patriotismo do soldados do libertador Simón Bolívar. Contamos com umas Forças Armadas cada vez mais socialistas, bolivarianas e profundamente chavistas”, escreveu ainda no Twitter.
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