Emigrantes portugueses na Venezuela afirmaram hoje à Lusa que a incerteza da situação política na Venezuela pode levar ao agravamento da violência no país.
"Estamos habituados a discursos políticos emotivos, mas as coisas estão a subir de tom e isso poderá desencadear situações de violência que afetará a todos", disse José Luís de Abreu, comerciante de 50 anos.
Esta semana, o presidente do Parlamento, Juan Guaidó proclamou-se Presidente interino do país e anunciou que vai convocar eleições, uma decisão que foi já contestada pelo também chefe de Estado, Nicolas Maduro.
Nos últimos dias, o país tem sido palco de confrontos de manifestantes da oposição com a polícia, que permanece ao lado de Maduro.
"Tudo está muito confuso, mais tenso. Diariamente estamos na expectativa, tentando perceber e ver o que vai acontecendo, mas com muita dificuldade para entender", explicou o comerciante.
Para o emigrante, "o braço entre as distintas forças políticas está cada vez mais forte e isso pode não ser um bom sinal".
A tensão política torna-se assim um fator adicional à crise económica e insegurança no país.
Por outro lado, a lusodescendente Marlene Vieira afirmou que os bairros populares -- mais chavistas e apoiantes do governo de Maduro -- são palco de mais casos de violência, com sinais de "descontentamento e de revolta".
"Com frequência era no leste de Caracas que ocorriam os protestos, agora é em zonas populares como Petare, Cotiza, La Yaguara, Antímano, Cátia e outras, tradicionalmente afetas ao chavismo, onde os protestos começam", explicou.
"Isso significa que as pessoas estão cansadas da situação económica, da falta de água, de luz, de ter que fazer filas para comprar alimentos e de andar à procura de medicamentos que não conseguem", sublinhou a comerciante.
Contactado pela Agência Lusa, o conselheiro das comunidades Leonel Moniz admitiu que há uma preocupação generalizada pelo que acontece no país.
O dirigente das comunidades disse também que existem suspeitas de uma tentativa de vandalismo numa de portugueses em Valência (150 quilómetros a leste da capital).
Vários portugueses recusaram fazer comentários sobre a crise política, recordando que a comunidade está muito ligada ao comércio e tem portas aberta ao público.
Por isso, o momento é de "prudência e de cuidados reforçados", explicou um dos emigrantes contactados pela Lusa.