Venezuela pede explicações à Colômbia pela morte de 17 emigrantes

por RTP
Jose Miguel Gomez, Reuters

Dezassete venezuelanos morreram congelados quando percorriam o Páramo de Ibéria, na Colômbia, com destino ao Peru. Fugiam da crise política, económica e social que, desde 2015, levou à saída de 1,6 milhões da Venezuela, a maior parte para os países vizinhos. O presidente da Assembleia Constituinte já pediu explicações à Colômbia. Onze países da América Latina pediram à Venezuela para aceitar ajuda humanitária.

"Onde está o Governo colombiano, que é incapaz de ajudar alguém que está a morrer, seja de onde seja, nessas circunstâncias", questionou Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte. Dezassete pessoas morreram numa planície andina a mais de 2.500 metros de altitude, na Colômbia.

Perante os simpatizantes do regime, o segundo homem forte da Venezuela afirmou que "para os que acreditam, há gente que chega à Colômbia e continua caminhando até ao Peru". Diosdado Cabello tem desmentido repetidamente a emigração em massa dos venezuelanos.

Segundo o governante, as imagens das pessoas a caminha pelas estradas de diferentes países da América Latina fazem parte de uma ação de propaganda contra a Venezuela. “Luzes, câmara e ação", ironizou, recentemente.

"Começou a surgir a verdade verdadeira da manipulação de que foram alvos muitos venezuelanos e da realidade que encontram nesses países (...) E porque não ficam na Colômbia, se a Colômbia é tão boa", questionou ainda.

O Presidente da Venezuela também desmente que os venezuelanos estejam a fugir em massa do país, apresentando em alternativa "uma campanha mundial para justificar uma política de intervenção no país”.

Na segunda-feira, ordenou o estabelecimento de uma ponte aérea para transportar de volta todos os que querem regressar a casa.

A Organização das Nações Unidas contabilizou 2,3 milhões de venezuelanos radicados no estrangeiro, dos quais pelo menos 1,6 milhões emigraram desde 2015, devido ao agravamento das condições económicas, políticas e sociais na Venezuela. Destes, 90 por centos vão para os países vizinhos, como a Colômbia, o Peru e o Equador.
Vizinhos pedem a Caracas para aceitar ajuda humanitária
No Equador, estiveram reunidos durante dois dias representantes políticos de 13 países da América Latina. No final do primeiro encontro desde a fuga em massa dos migrantes da Venezuela, “lançaram um apelo para a abertura de um mecanismo de assistência humanitária para aliviar a crise, através de uma atenção imediata aos cidadãos afetados”.

O texto foi assinado pela Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. A Bolívia, aliada da Venezuela, não assinou o documento. A República Dominicana deverá subscrever em breve.

Convidada igualmente pelo Governo de Quito, a Venezuela não se fez representar no encontro.

O regime de Caracas, pela voz de Diosdado Cabello, veio rapidamente rejeitar a sugestão, quer apelidou de “vergonhosa”.

"Que tristeza, que vergonha”, reagiu o presidente da Assembleia Constituinte, dizendo que os países vizinhos "acabam pedindo dinheiro".

Do encontro, resulta ainda o apelo a Caracas para emitir cartões de identidade ou passaportes aos que querem emigrar.

Para o representante do Chile, o encontro "enviou uma mensagem importante para milhões de venezuelanos que viajam no nosso continente". "Dizemos-lhes que reconheceremos os documentos expirados para fins migratórios", acrescentou Raul Sanhueza.

(C/ Lusa)
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