O Partido Comunista da Venezuela (PCV) alertou para uma conspiração das instituições do Estado "abertamente controladas" pelo governo, contra a vontade expressa nas eleições de julho, cujo resultado oficial deu a vitória ao presidente Nicolás Maduro.
Os comunistas frisaram que o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) não é imparcial e, por isso, a confirmação por este órgão da reeleição de Maduro, denunciada como fraudulenta pela oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional, não esclarece as dúvidas nem resolve as reivindicações de transparência feitas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
A validação emitida pelo TSJ "é uma nova demonstração da existência de uma conspiração nascida das altas esferas do poder político e económico contra a Constituição e a soberania popular expressa no voto", defendeu o partido, em comunicado.
O PCV reiterou a exigência de que o CNE publique os resultados desagregados que confirmem a alegada vitória de Maduro, conforme previsto no calendário eleitoral, embora o TSJ tenha decidido, na sua decisão da passada quinta-feira, que manterá sob proteção os registos de votação.
Os comunistas condenaram ainda que a decisão do TSJ "seja utilizada como justificação para alargar a repressão", numa referência aos protestos e operações policiais após as eleições que fizeram 27 mortos e mais de 2.400 detidos, segundo fontes estatais.
O partido instou ainda o Ministério Público a realizar "as investigações pertinentes para apurar as competências do órgão eleitoral", uma vez que "este não cumpriu as suas funções ao não publicar os resultados discriminados por tabela e ao suspender subsequentes auditorias".
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o CNE atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos.
A principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), reivindica que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu as eleições presidenciais por larga margem, pelo que publicou "83,5% dos registos eleitorais", recolhidos por testemunhas e membros das mesas de voto no dia das eleições, para reforçar a sua afirmação.